Número |
303 |
Aluno |
Angélica Cotta Lobo Leite Carneiro |
Orientador |
Maria Flávia Gazzinelli Bethony |
Linha de Pesquisa |
Educação em Saúde e Enfermagem |
Título da defesa |
Práticas educativas nas unidades básicas de saúde de Belo Horizonte e sua relação com a promoção da saúde |
Data da defesa |
12/03/2010 |
Banca Examinadora |
Profª. Drª. Maria Flávia Carvalho Gazzinelli ((Esc.Enf/UFMG)) Profª. Drª. Kênia Lara Silva ((Esc.Enf/UFMG)) Profª. Drª. Vera Helena Ferraz de Siqueira ((UFRJ)) |
Resumo |
Introdução: Com a publicação da Política Nacional de Promoção da Saúde, em
2006, estabeleceu-se que vários municípios brasileiros deveriam desenvolver ações
de promoção da saúde (PS) e foi definida, como um dos principais dispositivos, para
tal, a Educação em Saúde. Observa-se, hoje, uma profusão de novas ou renovadas
propostas de produção de conhecimento que sinalizam para uma mudança de
paradigma. Todas elas são evidências da inquietação e necessidade de revisão dos
discursos e práticas até então dominantes no campo da educação e saúde. A
grande indagação está relacionada ao potencial das práticas educativas cotidianas
de promoção da saúde, que estão sendo desenvolvidas, para o rompimento com o
modelo tecno-assistencial hegemônico. Objetivo: Compreender como ocorrem as
práticas educativas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Belo Horizonte (BH) e
analisar em qual medida elas atendem aos princípios da promoção da saúde.
Metodologia: Estudo descritivo, estruturado em duas fases: (1) mapeamento de
todas as ações educativas em grupo, ocorridas nas UBS pesquisadas. Adotou
abordagem quantitativa e teve, como ferramenta de coleta de dados, entrevista
semi-estruturada. Fizeram parte desta pesquisa 20 UBS sorteadas aleatoriamente e
distribuídas de forma proporcional entre as nove regionais de BH. As gerentes das
UBS foram entrevistadas e responderam às seguintes questões com relação às
práticas educativas: (a) tema; (b) frequência na qual ocorre; (c) duração; (d) objetivo;
(e) os profissionais que as coordenavam. Os resultados foram discutidos,
quantitativamente, pela distribuição de frequência. (2) análise das práticas
educativas de PS desenvolvidas nas UBS pesquisadas, referente às seguintes
categorias: multicausalidade do processo saúde-doença, intersetorialidade,
participação social, sustentabilidade e utilização de métodos dialógicos. A técnica
utilizada foi a observação estruturada, a partir de um roteiro de observação das
práticas, que foi analisado com base nos referenciais dos campos da saúde,
educação e filosofia. Resultados: Das 113 práticas levantadas, 33% foram
classificadas como sendo de promoção da saúde. Em 60% das UBS, nunca houve
treinamento, destinado aos profissionais de saúde, sobre o desenvolvimento de
atividades em grupo. Os profissionais que mais desenvolveram práticas educativas
foram enfermeiros (32,7%) e médicos (18,4%). Os temas mais abordados nas práticas de PS se referiram à área da saúde da mulher, seguidos dos de promoção
da saúde, hipertensão, diabetes e saúde bucal. A maior parte das práticas de PS
ocorre semanal ou mensalmente, contando com 11 a 30 participantes por encontro.
A multicausalidade do processo saúde-doença e a participação social foram os
princípios norteadores das ações de PS mais desenvolvidos nas práticas, enquanto
a intersetorialidade e a sustentabilidade foram os menos desenvolvidos. Uma
parcela significativa (88%) das práticas incentivou, nos sujeitos, o desenvolvimento
do autocuidado; em compensação, apenas 21% das práticas abordaram a
autonomia. Um número pouco expressivo (32%) das práticas de PS foi
fundamentado nos modelos dialógicos de ensino. As práticas de atividades corporais
(caminhada, Lian Gong e Unibiótica), assim como as que utilizaram diferentes
estratégias de ensino (teatro, trabalhos manuais, música) compuseram uma parte
representativa das práticas pesquisadas. Conclusão: Houve um grande número de
práticas de PS assistencialistas e/ou preventivistas em detrimento das
promocionistas. A maior parte das práticas educativas não está verdadeiramente
comprometida com a nova promoção da saúde, tanto no que se refere à amplitude
de seu conceito, quanto à frequência com que ocorre. Parece-nos haver movimentos
de ruptura e continuidade em relação aos modelos de educação hegemônicos na
atenção básica. Há práticas pautadas no modelo biomédico e outras que anunciam
mudanças do ponto de vista da promoção da autonomia e da utilização de diferentes
estratégias de ensino. Entendemos que uma educação voltada para a PS não pode
prescindir dos métodos dialógicos, assim como da concepção formativa e
emancipatória da educação em saúde, a fim de conduzir à realização dos projetos
de felicidade dos sujeitos. |
Abstract |
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Palavras-chave |
Aprendizagem, Centros de Saúde, Educação em Saúde, Promoção da Saúde |
Dissertação no formato PDF |