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Ex-alunos do curso de Enfermagem discutem os desafios para o enfermeiro na contemporaneidade

mesa de abertura encontroA noite da última terça-feira, 24 de abril, foi marcada por reencontros, lembranças e trocas de experiências entre os ex-alunos do curso de Enfermagem do século XXI da Escola de Enfermagem da UFMG. Os egressos, professores e docentes aposentados participaram de um encontro em que discutiram a trajetória profissional, os desafios da contemporaneidade, as dificuldades e os avanços no trabalho da Enfermagem.

A mesa de abertura foi composta pela vice-diretora da Escola, professora Sônia Maria Soares; pela coordenadora do Colegiado de Graduação em Enfermagem e do Núcleo Docente Estruturante, professora Maria Odete Pereira, pela coordenadora do evento, professora Fabíola Carvalho de Almeida Lima Baroni e pela professora Kênia Lara Silva, representante dos egressos e membro do NDE.

A vice-diretora da EEUFMG destacou que é muito bom quando as pessoas se permitem reviver, reencontrar, relembrar velhos tempos e até mesmo (re)significar. “Cada um de nós tem um orgulho imenso, tenho certeza, por ter podido estar aqui por alguns anos. Sente muito carinho e saudade pelas amizades construídas aqui, carrega consigo muito respeito, admiração e gratidão pelos professores e porque esteve algum momento da vida aqui: se construindo, se moldando, se tornando melhor”.

A professora Fabíola Baroni enfatizou que o evento foi pensado para reaproximar os ex-alunos da Escola, avaliar a inserção deles no mercado, as dificuldades e as facilidades encontradas e como foi e tem sido a contribuição da Escola de Enfermagem para esse processo. “Tendo em vista as mudanças e considerando o momento que vivemos na Escola, com o Núcleo Docente Estruturante avaliando o currículo e proposta pedagógica, este encontro é uma ótima oportunidade para repensarmos a nossa formação. Temos a perspectiva de promover outros eventos como este”, pontuou.

A professora aposentada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), Maria Júlia Paes da Silva ministrou a palestra de abertura. Segundo ela, o tema os desafios para o enfermeiro na contemporaneidade é amplo, mas importante.

Para Maria Júlia, o principal desafio é não perder o foco do que é a enfermagem. Ela lembrou que a origem da palavra enfermagem vem de enfermo, quem não está firme. “Não se pode perder o foco do que a sociedade espera de um enfermeiro, que ele fique ao lado de quem não está firme. Entendo que o desafio é não se deixar levar por tantos diagnósticos, mas manter o foco em algo que vai muito além disso, que é o ser humano. Você pode trabalhar em qualquer lugar sendo enfermeira, desde que se lembre que a sua ligação é com a vida”.

maria Julia“Estamos em uma sociedade que necessita de pessoas, quem vai se ocupar dos enfermos se não for uma categoria que sabe valorizar o ser humano? Não podemos nos ocupar do físico de alguém, porque nenhum de nós é só um corpo. O ser humano precisa de sorriso, de atenção, de ser ouvido, é uma necessidade social”, disse.

A professora pontuou que para enfrentar os desafios é necessário encontrar a voz interior e ter a certeza de que escolheu a profissão certa e ressaltou que se aliar talento, paixão, necessidade social e consciência, não se perde o foco.
Ainda de acordo com Maria Júlia, vivemos exatamente pensando a complexidade da quantidade de informações que temos, mas é preciso entender que não podemos dissociar inteligência de consciência. “Antigamente, quem tinha informação é quem tinha poder, hoje, quem tem poder é quem sabe selecionar a informação que importa. Cuidar da vida é lutar pelo outro quando ele não tem força para falar. Não é porque evoluímos no diagnóstico que vamos abrir mão de pessoas que saibam estar do lado de alguém frágil. Somos peixes de passagem, nadamos contra a correnteza neste mundo complexo”, enfatizou.

Sobre a importância desse encontro de ex-alunos, ela ressaltou que reunir colegas que tinham o mesmo sonho quando fizeram a graduação, ajuda a resgatar a essência do que é o motivo pelo qual se escolheu a Enfermagem.

A professora relatou os compromissos diários, assumiu: ser impecável com a palavra, evitar levar as coisas para o lado pessoal, evitar tirar conclusões e fazer o melhor possível. “Cuidem-se, não é possível cuidar da vida do outro se não cuidar da própria vida”, finalizou.

Caminhos percorridos
Durante a atividade sobre os caminhos percorridos: da formação para o mercado de trabalho e para a vida, coordenada pelas professoras Fabíola Baroni e Lívia Cozer Montenegro, os egressos fizeram relatos. As enfermeiras Cristiane Gomes Vieira, Ana Carolina de Lorenzo e Kátia Costa Souza, concluíram o curso em 2001 e ressaltaram que o encontro foi emocionante e uma troca de experiências. “Falar que sou ex-aluna da Escola de Enfermagem da UFMG tem um peso muito grande, enriquece o currículo e abre portas”, destacou Cristiane.

Ana Carolina trabalha no setor de Reabilitação Neurológica Central do Hospital Sarah e afirmou que o evento possibilitou discutir os novos aspectos. “Foi muito gratificante participar, na correria do dia a dia quase não temos a oportunidade de encontrar os colegas. Esse evento uniu o lazer com o estudo”.


egressasenf2001Cristiane Gomes, Ana Carolina e Kátia Souza

Mariana Santos Felisbino Mendes formou na EEUFMG em 2007 e destacou que, além de ser ex-aluna, é professora na Escola desde 2014, e que foi um encontro muito rico, uma oportunidade de trocar experiências, encontrar os colegas de sala e rever os seus ex-alunos. “Tenho muito orgulho dessa Escola, a nossa formação é muito completa, o aluno tem um posicionamento crítico que se diferencia de outros profissionais no mercado de trabalho e temos um enfoque muito forte na Saúde Pública e no Sistema Único de Saúde, e isso é fundamental para a formação dos enfermeiros em nosso país. Formei neste contexto e hoje contribuo para formação dos alunos”.

Isadora Soto Tonelli, graduada em 2015, ressaltou que um desafio que fica para a Escola de Enfermagem é aliar toda a qualidade da formação voltada para a pesquisa, de um profissional mais crítico, à exigência do mercado de trabalho que requer que o profissional tenha um bom domínio da técnica. “Porque hoje existe uma grande exigência pelo fazer, pelo operacional, pelo tecnicismo. Por outro lado, não podemos deixar de discutir o cuidado com o olhar que a professora Maria Júlia veio nos despertar novamente, buscando uma formação que equilibre a crítica, o olhar e a postura diferenciados, tão marcantes dos egressos da UFMG com um saber técnico igualmente bem trabalhado".