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Aula inaugural do Programa de Pós-graduação em Enfermagem discute metas para a saúde global

Na última quarta-feira, 28 de fevereiro, alunos e professores lotaram o auditório Maria Sinno da Escola de Enfermagem da UFMG para a aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. A palestra de abertura foi ministrada pelo médico Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, que abordou a “Agenda 2030: construção e perspectivas de integração com a Ciência, Tecnologia e Inovação”. A professora da Universidad de Navarra (Espanha), Cristina García Vivar deu destaque para "A agenda mundial de pesquisa e os desafios para a Enfermagem".

adrianaolDe acordo com a coordenadora do Colegiado de Pós-graduação em Enfermagem, professora Adriana Oliveira, o objetivo do evento foi trazer para os nossos alunos e para a comunidade cientifica um olhar diferenciado sobre o que é a pesquisa em seu sentido amplo e, como é possível ampliar o nosso foco para as necessidades mundiais. “A abordagem dos dois palestrantes foi extremamente complementar: o Gadelha trazendo a proposta da agenda 2030 voltada para a proposição de uma política cidadã, mais aberta, equitativa, mais inclusiva e que ninguém fique de fora, em todos os indicadores que possam ser determinados. E, a Cristina, direcionando como essa política ecoa sobre os desafios na área da enfermagem mundial, como uma profissão que se volta ao Cuidar, em sua perspectiva além das fronteiras. Temos a convicção de que esse encontro foi muito grandioso, um momento ímpar, onde conseguimos abrir um semestre trazendo aos nossos alunos a oportunidade de vislumbrar um novo horizonte de perspectivas e desafios e também de oportunidades que nos correspondem como responsabilidades que podem e devem ser assumidas por nós na academia, explicou a coordenadora.

Adriana também destacou que certamente nossos alunos do Programa de Pós-graduação em Enfermagem estarão mais atentos a essas necessidades apontadas pela agenda 2030, de forma mais alerta, reflexiva e participativa. “Os alunos passam a ter um outro olhar sobre a pesquisa, sobre a própria investigação que estão conduzindo de forma a compreender melhor a proposição de trabalhos conectados com a demanda e necessidade do cenário mundial. Para nós da Pós-graduação, isso é de grande importância, possibilitar ao aluno a compreensão de um trabalho conectado com uma agenda de pesquisa, com um pensar em rede, conectado com as demandas sociais, políticas e humanas”, destacou.
Durante a palestra, o médico Paulo Gadelha explicou que a Agenda 2030 foi aprovada em setembro de 2015 pelos países membros da ONU, estabelecendo 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que deverão ser atingidos até 2030.

“Essa Agenda tem aspectos extremamente positivos, principalmente naquilo que são os seus valores fundamentais, o caráter mais aspiracional, porque ela tem um lema central que é não deixar ninguém para trás, que significa olhar para a questão da equidade, dos mais desfavorecidos, trabalhar isso em caráter global, mas também que perceba as diferenças tanto regionais, quanto sociais. Ao mesmo tempo, o nível de abrangência que a Agenda traz com relação aos seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que configuram os recortes considerados mais relevantes para enfrentar o que é essa integração do desenvolvimento sustentável e ambiental. Nesses 17 objetivos, a área da saúde aparece em primeiro na integração de todos esses objetivos, ela parece também mais particularizada num determinado ODS (Objetivo 3) que coloca essa meta, essa visão de prover saúde para todos, em todas as idades”, elucidou Gadelha.

gadelhaSegundo o médico, a Agenda 2030 propõe, resumidamente, nas esferas econômica, social e ambiental: expandir o comércio e corrigir seus desequilíbrios, evitando o ajuste recessivo nas economias deficitárias; implementar uma melhor governança das finanças internacionais para evitar crises; expandir as políticas sociais e avançar na direção de um estado de bem-estar; e controlar e penalizar as externalidades ambientais e o uso predatório dos recursos naturais.

“Ao mesmo tempo em que a Agenda cria essas metas, ela se torna um campo de disputa. Pois, ao ser formulada dessa maneira mais ampla, estaremos disputando os sentidos e classificando o que é mais importante. Algumas pessoas vão mostrar mais claramente que a determinação social é muito importante, outros vão tentar saídas de natureza mais fragmenta. Dessa forma, nessa disputada de sentido, temos que exercer toda a nossa capacidade crítica e inteligência, para atuar no sentido mais amplo possível de alianças, de redes. E no caso da saúde, especialmente, pela relevância, por que ela é considerada um pré-requisito e ao mesmo tempo um indicador e um resultado do conjunto da Agenda”.

De acordo com ele, os desafios mais enfrentados nessa Agenda 2030 são as regressividades de políticas sociais e de processos que haviam sido avançados no campo ambiental que estão regredindo. “O desafio maior, primeiro, é ganhar adesão e convencimento das populações e dos governos para aquilo que foi aceito e incorporado voluntariamente entre os países, seja de fato praticado nas suas políticas econômicas e sociais e ambientais. No campo da saúde é o sentido de você ter uma cobertura universal de saúde com equidade, integralidade e com capacidade de resolução dos problemas da saúde”, afirmou o médico.
Gadelha também destacou que o Brasil teve um protagonismo muito grande para buscar atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável que é na área de produção de conhecimento e de inovação.

A agenda mundial de pesquisa e os desafios para a Enfermagem
A professora Cristina García Vivar, da Universidad de Navarra (Espanha), abordou “A agenda mundial de pesquisa e os desafios para a Enfermagem”. Ela falou sobre a história e o desenrolar da investigação (estudo) no campo da enfermagem, os principais organismos internacionais de investigação em enfermagem; os desafios globais em saúde; as prioridades globais na investigação e no cuidado e a respeito dos desafios da investigação no cuidado.

De acordo com a professora, os principais desafios dos sistemas de saúde na Europa são o envelhecimento da população e as enfermidades crônicas. "Em nível mundial, as enfermidades crônicas causam 60% de mortalidade e carregam 75% dos gastos em saúde. Em 2015, por exemplo, 42 milhões de pessoas morrem de enfermidade crônica", contou a professora.

Ela também contou quais são as melhores formas de enfrentar as dificuldades da enfermagem na pesquisa. “Todos os desafios são importantes, porque se não existem desafios, não há forma de melhorar a prática e a investigação científica. A formação dos alunos é muito importante para saber tomar decisões quando é preciso e saber fazer esse trabalho entre prática e investigação. Aqui tem muitos estudantes de pós-graduação, de doutorado, de mestrado e isso é fantástico para se ter um profissional bem capacitado. Graças a essa formação, os desafios são enfrentados em colaboração, em equipes de pesquisas, combinando diferentes experiências, incorporando a população à academia. Todos são importantes para a pesquisa em enfermagem”, destacou.

DSC 0707Professor Adriano Pimenta, a palestrante, professora Cristina Vivar, e as professoras Andréa Gazzinelli e Adriana Oliveira

Cristina também falou que sua experiência na Escola de Enfermagem da UFMG foi muito enriquecedora e destacou que o mais importante para o profissional de Enfermagem é ter paixão pelo seu trabalho. “Eu pude conhecer como é trabalhar, não especificamente na investigação (pesquisa), mas nos diferentes departamentos da Escola, conheci as diferentes relações entre as professoras, com os estudantes, e por isso foi uma experiência muito enriquecedora. Creio que uma importantíssima essência que um profissional de enfermagem precisa ter é a paixão. Paixão por ver as coisas de outra maneira. Por caminhar pelo mundo. Paixão por sermos melhores investigadores. Para mim é uma ferramenta muito importante que utilizo; a paixão, para melhorar meu dia a dia e transformar o mundo”, afirmou a professora.