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Empreendedorismo e alimentação são discutidos em seminário

Bruna CostaProfissionais das áreas de nutrição, engenharia de produção e publicidade propaganda estiveram reunidos, no dia 1 de dezembro, no auditório Aluísio Pimenta, da Faculdade de Farmácia da UFMG, campus Pampulha, para participar do “Ciclo de Palestras: Empreendedorismo e Alimentação”.

De acordo com a coordenadora do evento, Bruna Vieira de Lima Costa, professora do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, a ideia foi trazer palestras sobre inovações empreendedoras no ramo da alimentação coletiva e sua aplicabilidade na gastronomia. “O Brasil é um dos países com maior atividade empreendedora. São mais de 26 milhões de brasileiros envolvidos, sendo que o setor da alimentação e nutrição tem bastante destaque, principalmente hoje, pelo aumento crescente da alimentação fora do lar. Em 2016, assumiu o oitavo lugar no ranking de 31 países com o desenvolvimento econômico impulsionado pela eficiência. A atividade empreendedora é de conhecimento, de aprendizagem, principalmente relacionada à prática. A ideia mesmo é proporcionar o aprendizado aos alunos, permitindo-os a começar a pensar em como empreender e porque empreender dentro desse ramo da alimentação e nutrição”, explicou a professora Bruna.

A professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Daniela Canella, foi uma das palestrantes convidadas e abordou sobre a inovação no ramo da alimentação coletiva. Segundo ela, o pensamento de inovação está em falar a respeito da questão do sistema alimentar, como orientador da prática do nutricionista na alimentação coletiva. Além de pensar na gestão de matérias, processo de compras, seleção de fornecedores, considerando um sistema alimentar contra-hegemônico, que apóia o pequeno agricultor e compra da agricultura local. “A inovação que quero mostrar é a busca por alimentos mais orgânicos, produzidos pela agricultura familiar, e não os produzidos pela grande indústria de alimentos que são os ultraprocessados e que muitas vezes fazem parte do cardápio, naturalmente por facilidade operacional. O purê, por exemplo, muitas vezes não é de batata, é um pó diluído, enfim. A ideia é fazer essa discussão de como a alimentação coletiva pode dialogar com o sistema alimentar contra-hegemônico e favorecer esse sistema alimentar”.

De acordo com Daniela, a Lei da Alimentação Escolar é um exemplo de inovação estrutural entre agricultura familiar e alimentação dos estudantes. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Lei nº 11.947 de 2009, diz que 30% do recurso que o Governo Federal repassa para estados e municípios têm que ser direcionado para a compra de alimentos, quaisquer que sejam da agricultura familiar. “Eu sei que não é todo município ou Estado que consegue atingir a meta dos 30%, mas no geral isso tem sido praticado. Assim, o nutricionista que é quem planeja o cardápio da alimentação escolar, vai ver ou deveria ver, a vocação agrícola daquela região, quais alimentos colocar no seu cardápio”, esclareceu
daniela                                      A professora Daniela Canella abordou as inovações no ramo da alimentação coletiva

Para ela, essas inovações trazem diversos benefícios, pois saem da zona de conforto da alimentação industrial que está preestabelecida, trazendo melhoras do ponto de vista de qualidade da refeição e da apoio à produção local. “Acho que benefício tanto do ponto de vista de saúde, quanto de economia local, nós temos. E empreendimentos, por exemplo, para restaurantes comerciais não deixa de ser um atrativo do ponto de vista de cativar clientes diferenciados também”, contou a professora.

Rita de Cássia Ribeiro, professora do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, falou a respeito do empreendedorismo e sua aplicabilidade na gastronomia, sobre o cenário da alimentação fora do lar e como que as pessoas selecionam e buscam preferência pelos alimentos. Segundo a professora, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) produziu um relatório de tendências sobre o que as pessoas buscam quando vão se alimentar. “Em primeiro lugar, ficou constado que as pessoas procuram, em uma alimentação fora do lar, se o alimento atende a sua satisfação ou ao seu prazer gastronômico. Em seguida, se o alimento é saudável, se tem uma pegada ética ou traz uma questão de sustentabilidade. Nesse documento traz um relatório bem interessante mostrando essas tendências que precisamos saber se quisermos empreender na área”, relatou.

Rita ribeiroRita ainda contou que dentro da perspectiva do empreendedorismo, existem as inovações disruptivas que mudam a estrutura e os paradigmas de um determinado seguimento de trabalho. Na questão gastronômica ela deu destaque aos Food Trucks (um espaço móvel que transporta e vende comida). “Eu classifiquei esse empreendimento como uma inovação disruptiva, porque ele quebra um pouco a questão de que comer precisa estar só dentro de um estabelecimento, em uma mesa, com garfo ou talher. Você pode comprar e sair comendo pela rua. É um exemplo interessante que está crescendo, e essas inovações quando surgem, vêem cheias de problemas também, só que elas mesmas vão inovando em si, criando concorrência, e assim nasce um novo mercado totalmente diferente”, elucidou a professora.

Para Rita, é fundamental que os alunos aprendam desde agora sobre esses temas, pois empreender é muito mais do que abrir um negócio, é formar uma visão diferente de solução de problemas. “Acho que a visão empreendedora te ensina a resolver problemas, independente de onde você estará trabalhando. Assim, a visão de ver o problema e achar uma solução é imprescindível”, esclareceu.