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Seminário aborda Legislação e Prática Clínica em Terapia Intensiva

PublicoCerta de 400 profissionais da área da saúde, enfermeiros, técnicos de enfermagem e acadêmicos estiveram reunidos no dia 6 de março, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina da UFMG, para o 1º Seminário em Terapia Intensiva: da Legislação à Prática Clínica. De acordo com a coordenadora do evento, professora Andreza Werli-Alvarenga, o objetivo foi promover estudos, análises e debates de temas fundamentais na Enfermagem em Terapia Intensiva de adultos; analisar a legislação na área, suas potencialidades e fatores dificultadores; discutir a atuação multiprofissional na terapia intensiva de adultos e discutir o papel do Enfermeiro no cuidado ao paciente criticamente enfermo.

Andreza Werli destacou que a Enfermagem em Terapia Intensiva é uma importante área de atuação do enfermeiro e dos técnicos em enfermagem e é necessário abrir espaços para reflexão e debate com a comunidade científica e profissionais da área sobre fatores dificultadores e perspectivas dessa atuação, de forma crítica e reflexiva. “Trouxemos palestrantes que são referência nacional e internacional em suas áreas de atuação, para que conseguíssemos debater o que há de mais recente em cada temática, correlacionado às melhores evidências científicas e provocar reflexões para fora do espaço do Seminário”, relatou.

A enfermeira e professora Débora Feijó Villas Bôas Vieira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), participou da mesa sobre “Legislação e o dimensionamento de pessoal em Unidades de Terapia Intensiva”. Para ela, os maiores desafios que os enfermeiros intensivistas enfrentam atualmente são as condições de saúde do Brasil. “A maior parte das UTI’s se localiza no interior e em menor número nas capitais, mesmo assim os pacientes de alta complexidade vão para capital. Se o paciente vai para um posto de saúde, não consegue fazer os exames e resolver o problema, geralmente prossegue para as emergências dos grandes hospitais, fica em cadeira, em maca, mas sai com os exames feitos. Isso faz com que as emergências fiquem super lotadas, e aquele efetivo que deveria concentrar realmente no paciente que precisa da emergência, não está sendo feito”.


Mesa de aberturaDébora Feijó, representante da Associação Brasileira de Enfermagem e Terapia Intensiva e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira; Rogério de Castro Pereira,  representante da diretoria executiva da Sociedade Mineira de Terapia Intensiva; Salete Silqueira, chefe do Departamento de Enfermagem Básica da EEUFMG; Andreza Werli, coordenadora do evento e Herica Pinheiro  Corrêa, representante dos alunos da Liga Acadêmica de Enfermagem em Cuidados Intensivos

Débora pontuou, ainda, que a Associação Brasileira de Enfermagem e Terapia Intensiva é fundamental para fortalecer e proporcionar visibilidade aos enfermeiros intensivistas: “Ela é uma liderança que motiva e capacita cada vez mais a fazer essas discussões de responsabilização e conscientização do nosso papel frente a nossa comunidade”.

O tema da “Implantação do Processo de Enfermagem em UTI” foi destaque na palestra da professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Tânia Couto Machado Chianca, referência nacional e internacional no assunto. Ela fez uma abordagem sintética sobre o que é o processo de enfermagem, um instrumento metodológico e tecnológico para operacionalizar a assistência, com o objetivo de qualificar essa assistência, seguindo os passos do método cientifico. A professora apresentou, ainda, experiências de implantação: em Porto Alegre, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; na Terapia Intensiva da Universidade Federal de Santa Catarina, usando outro tipo de taxonomia; e a experiência com a criação de um software proposto pelo seu grupo de pesquisa. Além disso, a professora Tânia destacou que a UTI é a unidade onde o processo tem mais facilidade de ser implantado, pelo número de enfermeiros, habilidade, conhecimento e valorização do trabalho. Segundo ela, isso é essencial para formulação de diagnósticos de enfermagem e para a elaboração de prescrições guiadas por esses diagnósticos.

taaaniaProfessora Tânia Chianca


O enfermeiro do Hospital das Clínicas e especialista em terapia intensiva, Cleydson Rodrigues de Oliveira, falou sobre “A importância da identificação precoce da sepse em UTI”. Segundo o ele, a sepse é uma resposta complexa do organismo a uma infecção. “É um problema de saúde mundial, com custos elevados, e mais do que os custos, com perdas de muitas vidas por ano. A identificação precoce da sepse em UTI, pode promover uma redução tanto de custos, quanto de mortalidade da doença e inevitavelmente isso vai gerar um impacto positivo muito grande para população mundial. O grande desafio hoje é interpretar as definições de sepse e colocar os fluxogramas e as propostas em andamento”, explicou Cleydson. Ele destacou, ainda, que o enfermeiro intensivista é de fundamental importância no processo de prevenção e que o cuidado de enfermagem de uma forma integral pode diminuir o risco da infecção.

O professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Fernando Antônio Botoni, coordenador do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Risoleta Tolentino Neves, abordou o Monitorização Hemodinâmica, dando destaque mais especificamente ao “Metabolismo do Oxigênio”. Segundo Botoni, esse é um dos temas mais desafiantes da medicina intensiva, que é manter níveis adequados de oferta de oxigênio ao paciente criticamente enfermo. “Esse talvez seja o tema que desafia tanto médicos, quanto enfermeiros, desde que se começou a pensar em terapia intensiva.”


fernando                                                                           Professor  Fernando Botoni

Sobre a importância da atuação do enfermeiro intensivista no cuidado de pacientes em que há indicação de monitorização hemodinâmica, ele enfatizou que tem uma posição fundamental no cuidado do paciente crítico, dada a proximidade dele ao leito e ao paciente durante todo o período de internação. “Ele é fundamental nesse contexto, sobre todos os aspectos, tanto do ponto de vista do cuidado, basicamente, como também da manutenção da estratégia de tratamento”.

O fisioterapeuta Marcelo Drey Gonçalves relatou que o processo de ventilação mecânica é quando um aparelho é usado para fazer a conexão da entrada e da saída dos gazes, oxigênio e gás carbônico, para o paciente que está incapacitado de fazer isso com eficiência. Marcelo também destacou a importância de todo profissional que trabalha em um ambiente de terapia intensiva ter conhecimento desse processo. “A legislação vigente atualmente no país exige que tenha um fisioterapeuta neste ambiente, mas na realidade não é o que acontece, muitas vezes esse trabalho de programar a ventilação mecânica e montar o aparelho, acaba ficando para o enfermeiro ou para o médico, por isso é importante que todos os profissionais tenham esse conhecimento”, finalizou.

O seminário foi promovido pela Liga Acadêmica de Enfermagem em Cuidados Intensivos (LAECI) da Escola de Enfermagem da UFMG e contou com o apoio da Sociedade Mineira de Terapia Intensiva – SOMITI, da Associação Brasileira de Enfermagem e Terapia Intensiva (ABENTI) e do Programa de Apoio Integrado a Eventos (PAIE) da UFMG.


Comissão organizadora e palestrantesA professora Andreza Werli, as alunas da LAECI, Hérica Corrêa, Maria Alice, Ludmila Castanheira e Marina Garcia e os palestrantes