Hoje, em 24 de março, comemora-se o quadragésimo primeiro Dia Mundial do Combate à Tuberculose. A data foi criada em 1982, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em comemoração aos 100 anos do descobrimento da Mycobacterium tuberculosis, agente etiológico da doença. Em alusão à data, foi realizada, no dia 22 de março, uma ação do projeto de extensão "Saúde na Rua", coordenado pela professora do Departamento de Enfermagem Materno-infantil e Saúde Pública (EMI) da Escola de Enfermagem da UFMG, Giselle Lima de Freitas.
O projeto desenvolve ações de assistência e educação em saúde para a população em situação de rua nos Centros de Referência para a População em Situação de Rua (CENTRO POP), que abordam assuntos de interesse à PSR, dentre eles a tuberculose. "É importante trazer visibilidade a essa temática, articulando ações em saúde que contribuam para a prevenção e o controle da doença", destaca a professora.
A ação foi promovida no Centro Pop Centro Sul, em parceria com a Coordenação Municipal de Controle da Tuberculose, enfermeira Juliana Veiga, profissionais do Centro de Saúde Oswaldo Cruz e acadêmicos do curso de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais. Na oportunidade foram realizadas ações de promoção à saúde através do “Bingo da Tuberculose” onde as cartelas continham respostas sobre diversas informações acerca da doença e também a oferta do exame de escarro. Aproximadamente 70 pessoas em situação de rua estavam presentes no local, várias participaram do bingo e 27 realizaram a testagem para tuberculose.
Ação sobre Tuberculose realizada pelo projeto de extensão Saúde na Rua em parceria com a Coordenaçao Municipal de Tuberculose e serviços de saúde e assistência social
A professora explica que a tuberculose (TB) possui caráter infeccioso, sendo transmitida por meio da tosse, fala ou espirro de indivíduos infectados pela bactéria e não tratados. A enfermidade atinge cerca de 8,8 milhões de pessoas no mundo, provocando 1,1 milhões de mortes, e embora seja passível de prevenção, tratamento e cura, ainda mata cerca de 4,7 mil pessoas todos os anos no Brasil. Apesar de ser considerada como agravo de alto impacto em Saúde Pública, a tuberculose se encontra no rol das doenças negligenciadas, por afetar, sobretudo, populações em situações de vulnerabilidade, a exemplo da População em Situação de Rua (PSR).
Segundo Giselle, as barreiras sociais, simbólicas, econômicas e financeiras podem afetar o acesso aos cuidados de saúde para o diagnóstico e desfechos positivos do tratamento da tuberculose. “A desigualdade é um determinante social em saúde que está atrelado ao aumento das chances de adoecimento por TB e pode interferir na cura e no controle da doença”, enfatiza.
Nesse contexto, a vulnerabilidade social e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde merecem destaque, pois são fatores presentes na conjuntura social da PSR que corroboram para a baixa adesão ao tratamento. "Melhorar os níveis de proteção social e articular ações intersetoriais que atuem sobre os determinantes da tuberculose são essenciais para reduzir a carga da doença ", aponta a docente.
As ações realizadas pelo projeto de extensão buscam dialogar sobre a patologia e esclarecer dúvidas sobre a prevenção e o Tratamento Diretamente Observado (TDO)- que tem duração de pelo menos 6 meses. "Ações dessa natureza, ainda que pontuais, contribuem para o reconhecimento de sinais e sintomas que possam estar acometendo essa população e estimulam a adesão desse público ao tratamento", destacou a enfermeira Juliana Veiga.
A professora lembra, ainda, que o acesso à informação e ao tratamento da tuberculose é universal e devem ser disponibilizados a todas as pessoas com a doença, independentemente do local onde a doença tenha sido diagnosticada. “Pessoas em situação de rua necessitam de ações como estas do Projeto Saúde na Rua, por isso, destaca-se o princípio da equidade para a criação de estratégias que incentivem a promoção da saúde e educação em saúde para estes sujeitos”, conclui.