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Webconferência aborda saúde mental dos profissionais de saúde da APS

web saude mental O Projeto Telenfermagem da Escola de Enfermagem da UFMG realizou, no dia 28 de setembro, a webconferência Saúde mental dos profissionais de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) para os municípios de Minas Gerais cadastrados pelo Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes. O tema foi abordado pela professora Maria Odete Pereira, do Departamento de Enfermagem Aplicada da EEUFMG e pelo enfermeiro  da Atenção Primária em Saúde de Governador Valadares/MG e mestrando na EEUFMG, Micael Alves dos Santos.

A professora Maria Odete ressaltou a saúde mental como uma temática muito discutida, principalmente no impacto causado pela pandemia da Covid-19. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. Nessa perspectiva, a saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças mentais.

Ela ressaltou que pelo menos uma vez na vida, as pessoas passarão por um sofrimento mental, desde um luto até uma dificuldade econômica. “Nesse contexto, durante a pandemia da Covid 19, houve um aumento de 25% a 28% no adoecimento psíquico, sendo os mais comuns depressão e ansiedade atingindo na maior parte as mulheres, jovens, pessoas com histórico de adoecimento psíquico ou em vulnerabilidade e trabalhadores da saúde”, relatou Maria Odete.

A professora lembrou, ainda, que, segundo a OMS, essa crise atual é reforçada devido aos baixos investimentos financeiros e de recursos humanos em serviços de saúde e de saúde mental; interrupção nos atendimentos de serviços especializados de saúde mental durante a pandemia, impactando na atenção primária que recebeu muito mais pessoas em condição de adoecimento psíquico; limitadas descentralização de cuidados baseados na comunidade e políticas para abordar a lacuna de saúde mental antes da pandemia.

O enfermeiro Michael destacou que é importante pensar na saúde mental dos trabalhadores de saúde da atenção primária porque a força de trabalho é predominante feminina, visto que as mulheres trabalhadoras da saúde possuem dupla ou tripla jornada de trabalho. “Na APS existe espaços coletivos e individuais para a promoção do cuidado e do autocuidado. É possível me cuidar ao cuidar do outro? Sim. Os trabalhadores precisam considerar importante: identificar espaços de cuidado no território e na Unidade de Saúde, incluindo-se; mudar o foco da doença para as oportunidades de cuidado nos espaços onde atua; iInserir outras formas e práticas de cuidado coletivas onde há possibilidade de troca, rompendo com modelo biomédico; organizar a agenda de trabalho, percebendo-se parte do processo. Dessa forma, pensar em cuidado mental no coletivo, é necessário ser presente e ser parte desse cuidado”, enfatizou.

Ele citou também as experiências dos trabalhadores da Atenção Primária à Saúde em Governador Valadares como terapia comunitária, meditação, musicoterapia, grupo de dança, grupo de alongamento, experiencia de formação tentando mudar o olhar das futuras enfermeiras para a saúde mental e autocuidado.

O enfermeiro pontuou, ainda, sobre as necessidades de políticas públicas nacionais para fortalecer as respostas de saúde mental, com ações para ampliar os serviços de saúde mental e apoio psicossocial para todos na Atenção Primária à Saúde; de fortalecer os serviços da APS, de modo a alcançar populações marginalizadas e em risco, se apropriar dos espaços de promoção da saúde e de cuidado para cuidar de si.

Assista neste link a webconferência completa.