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Apoio familiar é fundamental para tratamento do Transtorno do Espectro Autista

Twitter temas Autismo conhecer e respeitar 04 1024x512A falta de informação e entendimento sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) são fatores que ainda hoje interferem na convivência com as pessoas que vivem com a condição. Um erro comum é pensar que quem tem o transtorno não pode ser uma pessoa ativa. Esse discurso, além de poder incapacitar o indivíduo, o torna passível de capacitismo – uma forma de opressão definida por sua capacidade de realizar ou não atividades. Atitudes como essa de discriminação dificultam a inclusão social do grupo, situação que, muitas vezes, tem origem com os próprios familiares. Por isso, é preciso entender como manter uma relação afetiva saudável dentro de casa e nos espaços de maior convivência.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o TEA não se classifica como doença. Por isso, é preciso cuidado para não reproduzir pré-conceitos sobre o assunto. Isso porque o ato de se comunicar socialmente é uma das maiores dificuldades enfrentadas por quem tem o transtorno e, com isso, podem surgir críticas a essas pessoas ou receios em estabelecer uma comunicação, resultando no isolamento delas.

O que é?
O autismo é dividido atualmente entre casos de alto funcionamento e baixo funcionamento, característica que se baseia na capacidade cognitiva do portador. Esse grau de comprometimento vai impactar diretamente nas formas de relacionamento social do indivíduo. De acordo com a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Denise Brandão, o desenvolvimento da linguagem do indivíduo sofre diversos tipos de interferência ao longo da infância.

“A gente sabe que tem o fator genético; tem também a interferência do ambiente em que a gente vive, das possibilidades de estímulo e de aprendizagem; e da família, de ser um ambiente afetivo e carinhoso. Isso é muito mais saudável para uma criança do que um ambiente que não seja dessa forma”, explica Denise.

Estímulos: qualidade e não quantidade
Denise defende que o apoio da família é essencial para o progresso das pessoas do espectro autista. Para isso, é preciso que todos os familiares estejam devidamente envolvidos e estimulados a contribuir com essa convivência, o que deve acontecer a partir de orientação médica. A professora também explica que devem ser passadas condutas de atividades a serem feitas entre o grupo familiar e que valorizem mais a qualidade da estimulação do que a quantidade.

“Então, por exemplo, na hora do almoço, ao invés dele almoçar assistindo televisão, pensar no que pode ser feito nesse momento em relação ao alimento, à textura; na hora do banho também e ter um tempinho para brincar, porque criança tem que brincar”, exemplifica Denise.

Diagnóstico precoce
Além da fala, é preciso ressaltar que a linguagem abrange outras manifestações, como a compreensão e a organização do que vai ser falado. Com esse conhecimento, os pais podem identificar os sinais mais cedo e contribuir para o diagnóstico precoce, o que irá ajudar a manter um tratamento mais cauteloso e com melhores resultados.

Alguns marcos podem ser observados em crianças que não seguem características típicas da idade. Um exemplo, são aquelas crianças entre um ano e dois anos de idade que não gostam de falar. Outro marco, são crianças um pouco maiores, de três anos, que falam poucas palavras, mas não tem boa dicção e não conseguem ser bem compreendidas. Ou, ainda, não conseguem contar pequenas histórias. Nesse ponto, a professora reforça que o carinho e atenção dedicado pelos parentes à criança são diferenciais que permitem detectar a condição e procurar ajuda.

“A questão da afetividade eu acho, sim, muito importante porque faz parte de mais um componente que vai interferir no processo de desenvolvimento da criança e no desenvolvimento da linguagem também”, destaca Denise.

De onde vem a luta
Na tentativa de promover reflexão, difundir informação e diminuir os casos de discriminação e preconceito contra os indivíduos que apresentam o transtorno, em 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. O mês de abril foi escolhido para representar a causa e é comumente apresentado como “Abril Azul”.

Nos últimos dois anos, o tema ganhou uma representação única em todo o Brasil com a campanha “Respeito para todo Espectro”, criada por entidades engajadas na luta pela representatividade das pessoas com o transtorno. Na ocasião, os assuntos relacionados ao tema eram marcados pela hashtag “#RESPECTRO”, de forma a disseminar as informações sobre o espectro e provocar a conscientização com maior impacto nas mídias sociais.

Quanto aos números relacionados ao transtorno, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que uma a cada 160 crianças apresenta o Transtorno do Espectro Autista. No Brasil, os números referentes a diagnósticos e curas não são divulgados oficialmente, o que pode dificultar esse processo de maior visibilidade e elaboração de políticas públicas.

Para saber mais detalhes e características sobre o TEA, ouça o programa de rádio “Saúde com Ciência” da semana.
Saúde com Ciência
O “Saúde com Ciência” é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.

(Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG)