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Seminário esclarece dúvidas sobre prevenção e tratamento de lesão por pressão baseados em evidências

O Curso de Especialização de Enfermagem em Estomaterapia da Escola de Enfermagem da UFMG promoveu, nos dias 2 e 3 de setembro, o seminário “Prevenção e tratamento de lesão por pressão baseados em evidências”, coordenado pela professora do Departamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfermagem da UFMG, Eline Lima Borges.

De acordo com Eline, o evento teve como objetivos discutir a formação da lesão por pressão e os fatores causais e associados; apresentar as escalas para identificação do risco para lesão por pressão e as estratégias para sua adoção; apresentar o conceito e classificação das lesões por pressão conforme a última proposta do National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) em 2016; discorrer sobre as medidas para a prevenção de lesão por pressão; apresentar evidências para tratamento das lesões por pressão conforme o seu estadiamento e discorrer sobre as lesões de pele confundidoras da lesão por pressão. “O tema é relevante, pois a lesão por pressão passou a ser considerada um evento adverso pelo Ministério da Saúde a partir do ano de 2013, além de sua notificação ter se tornado obrigatória pelas instituições de saúde, o que deve ser feito mensalmente”.

DSC 0964Professora Salete Silqueira, representando a diretora da EEUFMG e a chefia do Departamento de Enfermagem Básica, e a coordenadora do evento, professora Eline Lima Borges

A mesa-redonda Identificação e prevenção das lesões classificadas erroneamente como lesão por pressão, contou com a presença das doutorandas, estomaterapeutas e Especialistas de Serviços Profissionais da 3M do Brasil, Mariana Raquel Soares e Camyle de Melo dos Santos.

Mariana Soares abordou sobre Dermatite associada à umidade, com foco na Dermatite Associada à incontinência. “É uma manifestação clínica de lesões de pele associadas à umidade, comum em pacientes com incontinência fecal e/ou urinária. É uma inflamação da pele na região perineal, perigenital, perianal e adjacências, provenientes do contato com urina ou fezes”, explicou.

Segundo Mariana, os principais cuidados e formas de prevenção para esse tipo de dermatite são: ter uma limpeza profissional, utilizando um produto que seja levemente ácido tal qual o pH da pele; higienizar sempre que for necessário, sem realizar uma fricção agressiva e nunca deixar o paciente sujo ou molhado, depois da limpeza tem um segundo passo que é a proteção, é necessário utilizar algum tipo de protetor cutâneo que é um agente que faz uma barreira contra a umidade”. Sobre a importância do evento, ela ressaltou que auxilia empoderar o acadêmico de enfermagem ou o enfermeiro com evidências científicas para que ele possa levar na prática o cuidado para esse paciente.

Camyle dos Santos explicou que Lesão por Adesivos é uma ocorrência em que o eritema e/ou outra manifestação de anormalidade cutânea, incluindo desde a vesícula, bolha, erosão até a ruptura da pele, persistindo por mais de 30 minutos após a sua remoção. Já Lesão por Fricção, são feridas traumáticas, provocadas por fricção isolada ou acompanhada de cisalhamento, que afetam especialmente os idosos. “Estão relacionadas à separação entre as camadas epiderme e derme (ferida de espessura parcial) ou à separação de ambas, epiderme e derme, das camadas subjacentes (ferida de espessura total)”.

camyleDiscussão sobre a identificação e prevenção das lesões classificadas erroneamente como lesão por pressão

Sobre os principais cuidados Camyle pontuou: avaliação regular da pele; identificação do paciente sob risco, e implementação de protocolos de prevenção; a pele deve ser avaliada quanto a ressecamento, hematoma, eritema, prurido,dor e lesões cutâneas; adequações em ambientes que oferecem riscos de traumatismos (iluminação, tapetes, quinas de móveis, grades da cama, dentre outros); durante mobilizações, utilizar lençol ou forro móveis; utilizar sabonete com pH balanceado ; adotar prática de banhos rápidos e com água morna ; nutrição e ingestão de líquidos adequadas (dos idosos internados, 25% a 30% estão desnutridos, enquanto que 46% a 61% estão em risco de ser desnutrido); inspeção de roupas (muito apertadas) e evitar fricção.

No segundo dia de evento, foi realizada a mesa redonda sobre Tratamento de lesão por pressão baseado em evidência. A estomaterapeuta Vera Lúcia de Araújo Nogueira Lima, subcoordenadora do projeto de extensão “Observatório de Estomaterapia: feridas e estomas”, trouxe como temática as Coberturas interativas. De acordo com ela, são as coberturas que aplicadas vão manter a umidade, o balanceamento e a temperatura. “Com isso, o próprio organismo fornece as suas enzimas para fazer o desbridamento autolítico – processo seletivo de remoção da necrose (preserva o tecido viável) pela ação, principalmente, dos macrófagos; e das enzimas do próprio organismo do paciente. É promovido pelo uso de produtos que garantam a umidade adequada na lesão. O objetivo da palestra foi abordar todas as coberturas que existem no mercado, baseados em evidências científicas e para substituir o senso comum pela ciência”.

A companheira de mesa, a estomaterapeuta Danieli Campos Olimpio Cordeiro, coordenadora do Serviço de Estomaterapia do Hospital Unimed-BH, abordou a Terapia de pressão negativa tendo como objetivo esclarecer sobre o tema e apresentar o nível de evidência com embasamento na literatura. Segundo Danieli Campos, a terapia consiste em um sistema que aplica uma pressão subatmosférica controlada, no leito da ferida, por meio de um curativo de espuma ou gaze conectado a um aparelho de sucção. “A aplicação é por meio de técnica estéril, podendo ser realizada no leito do paciente ou no bloco cirúrgico se indicado for um desbridamento”, enfatizou.