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Monitoramento do ensino remoto mostra avaliação positiva, apesar das dificuldades

Ensino Remoto Emergencial1Estudantes de graduação da UFMG receberão, a partir do dia 30 de novembro, um questionário com perguntas de múltipla escolha, de caráter objetivo e subjetivo, a respeito do ensino remoto emergencial (ERE). Professores e servidores técnico-administrativos receberão as suas versões da consulta a partir de dezembro. Trata-se do segundo instrumento do processo de avaliação e monitoramento do ERE, elaborado com base na análise das respostas aos resultados do primeiro questionário, distribuído cerca de dois meses após o início das aulas remotas, em 3 de agosto. O ensino remoto foi adotado pela UFMG em razão das restrições de circulação e convívio de pessoas para prevenção da covid-19.

Os resultados obtidos pelo primeiro instrumento estão disponíveis em relatório que resume análise qualitativa, por área e também de abrangência geral, feita pela comissão de monitoramento e avaliação do ERE, instituída pela Câmara de Graduação. A pesquisa de fase exploratória encaminhada pelos colegiados de curso gerou resposta positiva – professores, técnicos e estudantes se disseram satisfeitos, em sua maioria, ainda que tenham citado dificuldades de diversas naturezas.

A análise dessa primeira consulta demonstra, segundo a pró-reitora de Graduação, Benigna Maria de Oliveira, que a comunidade universitária “encontrou caminhos e desenvolveu experiências exitosas em uma situação inédita”. Benigna diz que as pessoas “investiram para dar conta do trabalho em condições desafiadoras, muitas vezes adversas, e se sentiam satisfeitas com os resultados no momento em que responderam à consulta”.

Para a pró-reitora, as revelações da primeira fase do monitoramento devem gerar um “otimismo crítico”. “Não está tudo às mil maravilhas, há relatos de dificuldades relacionadas, por exemplo, a recursos tecnológicos e à relação professor-estudante. Prossegue o esforço de monitoramento, e o objetivo é compartilhar experiências e produzir conhecimento sobre avanços, demandas e desafios, com vistas a uma reflexão crítica coletiva, buscando o aprimoramento das nossas ações”, ela diz.

Coordenadora da comissão de monitoramento e avaliação do ERE, Andrea Motta destaca, entre os resultados da primeira consulta, relatos de aproximação entre os docentes, para discutir práticas de ensino e avaliação, e conexão entre professores e estudantes. “Formaram-se redes de apoio mútuo, e isso favoreceu um processo mais tranquilo e a superação dos desafios, que afinal eram mesmo esperados”, comenta a professora. Andrea Motta ressaltou também a adesão maciça dos colegiados na primeira etapa – segundo ela, muitos cursos conseguiram mobilizar parcelas significativas de suas comunidades. “Esperamos grande participação de todos os envolvidos também na segunda etapa.”

Os dados gerados pelas respostas ao segundo questionário serão sistematizados em janeiro de 2021.

Sucesso e problemas
A consulta da fase exploratória teve participação de 75 dos 78 colegiados de curso, que tiveram acesso a 2.162 docentes (68% do total), 8.294 estudantes (26%) e 436 servidores técnico-administrativos que atuam na graduação.

Mais de 90% dos coordenadores de curso disseram que houve boas práticas e experiências bem-sucedidas no ensino remoto emergencial. A grande maioria (em torno de 90%) também relatou dificuldades no que se refere a processo pedagógico, relação professor-estudante, recursos tecnológicos e infraestrutura.

Cinquenta e quatro em cada cem professores se declaram satisfeitos ou muito satisfeitos, e 16% deles, insatisfeitos ou muito insatisfeitos. Nos caso dos estudantes, 41% avaliaram a experiência como positiva, e 26% deles, como negativa. Quanto aos técnicos, 62% respondeu positivamente, e 5%, de forma negativa.

Quando estimulados a falar de boas práticas, os professores mencionaram, entre outras, o trabalho em equipe e o compartilhamento de experiências, a adoção de novas estratégias e a descoberta de novas ferramentas didáticas (como a utilização de jogos), a combinação de videoaulas e atividades síncronas e as lives promovidas pela Universidade para discutir o ensino remoto emergencial.

Os estudantes, por sua vez, destacaram a dedicação e a flexibilidade dos docentes, a colaboração entre todos os envolvidos, o recurso de aulas gravadas, exercícios e jogos, quizes avaliativos, avaliação mais distribuída e variada e o suporte da UFMG para aquisição de equipamentos. Os técnicos elogiaram, principalmente, a criação de grupos de apoio virtuais e o uso do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), recém-adotado pela Universidade.

Acesso, respostas e interação em casa
O relatório organiza por assunto as dificuldades e demandas relatadas por estudantes, professores e técnicos. No que se refere aos recursos tecnológicos, as questões mais citadas foram acesso a plataformas, redes e equipamentos e a inexperiência no uso desses recursos. Sobre comunicação, as que mais apareceram dizem respeito aos meios de contato com os professores e com outras instâncias institucionais, acesso aos colegiados e prazo para respostas da área de tecnologia da informação.

Quanto ao processo de ensino-aprendizagem, houve queixas principalmente sobre complexidade das atividades e prazo para execução, acessibilidade de pessoas com deficiência, interatividade do material didático, quantidade (excessiva) de aulas síncronas, avaliações (quantidade, modalidades e tempo para realização) e diálogo entre docentes e discentes.

As respostas relacionadas às condições para o ensino remoto indicaram problemas, entre outros, com equipamentos, despesas, ambiente de trabalho ou estudo, sobrecarga e interação com o tempo e o espaço domésticos.

Em fórum do Programa Integração Docente realizada em 30 de outubro, quatro coordenadoras de curso mencionaram estratégias de ensino, planejamento e comunicação bem-sucedidas e celebraram ganhos e aprendizados deste primeiro semestre letivo. (Leia reportagem sobre o encontro, cuja gravação está disponível no canal do Centro de Apoio à Educação a Distância [Caed-UFMG] no YouTube.)

Dados conectados
A avaliação do ensino remoto emergencial seguiu diretrizes definidas pela Câmara de Graduação – que teve apoio de uma comissão para a abordagem do monitoramento – e pela Diretoria de Avaliação Institucional (DAI).

Maria José Flores, diretora do GIZ, instância da Prograd dedicada a inovação e metodologias de ensino, lembra que as aulas remotas se iniciaram depois de quatro meses de interlocução, oficinas, minicursos, publicações e do acompanhamento dos movimentos de outras universidades. “Foi um tempo curto e intenso, e toda a comunidade se mobilizou para estudar a nova situação. Há ainda pouco referencial teórico, e não existem soluções prontas”, afirma.

Ela salienta que os dados obtidos na primeira fase do monitoramento estão conectados aos relatos e impressões de fóruns e seminários de acompanhamento que têm sido realizados no âmbito do Programa Integração Docente. “Trata-se de resultados preliminares. As demandas inesperadas serão devidamente encaminhadas. O objetivo é oferecer dados, contribuir para melhorar práticas, sempre em ação reflexiva e crítica e conforme a cultura de autoavaliação da UFMG”, diz a professora da Faculdade de Educação, acrescentando que o acompanhamento do ERE seguirá ao longo do segundo semestre letivo de 2020, que terá início em 30 de novembro.

(Com Centro de Comunicação da UFMG)