A enfermeira Isabela de Caux Bueno, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da UFMG e membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Hanseníase (NEPHANS), ministrou palestra na noite desta quinta-feira, 8 de outubro, sobre o impacto da pandemia por Covid-19 na hanseníase. O evento foi promovido por dois projetos de extensão parceiros coordenados pelas professoras Flávia de Oliveira e Rayssa Nogueira Rodrigues (membro do NEPHAN), da Universidade Federal São João Del Rei (Campus Centro-Oeste) e Universidade do Estado de Minas Gerais (Unidade Divinópolis), respectivamente, em parceria com o NEPHANS, liderado pelo professor da EEUFMG, Francisco Carlos Félix Lana.
Isabela explicou que a hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium leprae que apresenta longo período de incubação. “Apresenta alta infectividade e baixa patogenicidade. A forma mais admitida como via de transmissão do bacilo é a via aérea superior que se dá por meio de pessoas doentes não tratadas com convívio frequente e prologado de uma pessoa susceptível. O diagnóstico é essencialmente clínico, realizado pela análise da história e das condições de vida do paciente e pelo exame dermatoneurológico.sE não diagnosticada precocemente, pode acarretar em incapacidades físicas”.
De acordo com a enfermeira, por não existir proteção específica para a hanseníase, as ações a serem desenvolvidas para a redução da carga da doença incluem as atividades de vigilância em saúde como: educação em saúde; investigação epidemiológica para o diagnóstico oportuno de casos; tratamento até a cura; prevenção e tratamento de incapacidades; vigilância epidemiológica e exame de contatos, orientações e aplicação de BCG.
Sobre o impacto da pandemia, foram destacados como desafios a Atenção Primária à Saúde com esforços voltados para atendimento às necessidades de enfrentamento da Covid-19, o desabastecimento dos medicamentos necessários para o tratamento ao paciente com hanseníase e ressaltou, que o Hospital Eduardo de Menezes, referência para hanseníase, destinou desde março, 100% dos seus leitos para atendimento a pacientes acometidos ou suspeitos da Covid-19.
“A pandemia agravou e evidenciou as fragilidades que o sistema público desassistido, desacreditado e sucateado estava enfrentando, principalmente para a população vulnerável, que é a população mais afetada pela hanseníase”.
A pesquisadora ressaltou, ainda, a importância de avançar, destacando que pacientes de hanseníase sofrem maior impacto no atual cenário de pandemia em virtude das desigualdades sociais e maior vulnerabilidade a que estão sujeitos.
Para ela, esse espaço para abordar sobre a hanseníase é necessário para melhor divulgação e discussão dessa doença negligenciada, que afeta predominantemente uma população vulnerável, que já enfrentava problemas epidemiológicos nos seus territórios e operacionais nos serviços de saúde e que carece de maior investimento em pesquisas. “Essa parceria entre diferentes instituições é necessária para que esse problema de saúde pública seja difundido e alertado para a população em geral e, com certeza, para os estudantes e profissionais de saúde que também carecem dessas informações.”