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Taxa de vacinação cai em todo o mundo devido à pandemia de coronavírus

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As taxas brasileiras de vacinação têm caído cada vez mais por conta dos impactos da pandemia do novo coronavírus na distribuição de vacinas, segundo alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS). O país segue a tendência mundial: medidas de prevenção à covid-19 afetaram o sistema de vacinação em pelo menos 68 países, deixando cerca de 80 milhões de crianças menores de um ano em risco de contrair doenças que podem ser imunizadas com essas vacinas. Os dados são de pesquisa realizada com 82 países pela OMS e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Para se ter uma ideia, nos quatro primeiros meses de 2020 houve uma queda no número de crianças que completaram as três doses da tríplice bacteriana – contra difteria, tétano e coqueluche. Antes da pandemia, a taxa de alcance dessa e da vacina contra sarampo havia estabilizado em 85% globalmente. No Brasil, Bolívia, Haiti e Venezuela, a imunização caiu pelo menos 14 pontos percentuais desde 2010.

Para o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Enio Pedroso, a redução da vacinação resultará em epidemia das doenças. “É preciso que todos tenham consciência da importância da vacinação, seus benefícios, com riscos muito pequenos e seu valor para impedir doenças graves e que não precisariam de preocupação, caso a imunização fosse feita de forma adequada”, avalia.

Segundo a infectologista pediátrica e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Lilian Diniz a queda da cobertura vacinal tem a ver com a pandemia. “Desde o começo da pandemia, já vem sendo observada uma queda nessa cobertura, principalmente nas crianças”. A professora esclarece, ainda, que parece que as pessoas estão com medo de se vacinar, devido ao risco de contrair o coronavírus.

A professora do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG, Tércia Moreira Ribeiro da Silva enfatiza que muitas pessoas temem as campanhas de vacinação durante a pandemia pela aglomeração de indivíduos comumente observada e que contribuem com a transmissão do SARS-CoV-2, causador da COVID-19. "Contudo, o Ministério da Saúde estabeleceu algumas regras e orientações para o planejamento das campanhas de vacinação durante a pandemia a fim de mitigar a disseminação do vírus tanto para os vacinadores, quanto para o público que comparece aos serviços de saúde. Dentre as orientações, estão o distanciamento de pelo menos um metro entre as pessoas, acesso ao álcool em gel ou à pia para higienização das mãos tanto para o público, quanto para o vacinador, orientações para o uso de máscara de tecido para quem será vacinado e máscara cirúrgica para os profissionais da sala de vacinação".

Sarampo
O Ministério da Saúde ampliou a vacinação contra o sarampo, da população de 20 a 49 anos, para até 31 de agosto, em todo o país. Até o momento, apenas 4,2% do público-alvo foi vacinado. Dados preliminares das secretarias estaduais de saúde, registrados no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, apontam que desde o início da ação, em 16 de março, até o dia 15 de julho, foram vacinadas 3,7 milhões de pessoas. A população-alvo nesta faixa-etária totaliza mais de 90 milhões de pessoas.

“A redução da cobertura vacinal reflete o sucesso do programa de vacinação brasileiro, que erradicou e controlou várias doenças e pode ter conferido a segurança de que não seriam mais importantes e nem precisariam manter os níveis de imunoproteção da população”, pondera o professor Enio. No caso do sarampo, o Brasil receber certificado de país livre da doença, em 2016. Mas perdeu o selo em 2019, após voltar a registrar casos.

Durante muitos anos, o sarampo foi uma das principais causas de morbidade e mortalidade na infância, principalmente nos menores de 1 ano de idade. A doença comportava-se de forma endêmica no país, ocorrendo epidemias a cada 2 ou 3 anos. Assim como a covid-19, o sarampo também é transmitido pelo ar e pelo contato humano. Mas, de acordo com o professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Jorge Andrade, o sarampo é altamente contagioso:

“Cada pessoa infectada pode contaminar de 9 a 10 pessoas com as quais tiver contato e que sejam suscetíveis. A taxa de transmissão do coronavírus é por volta de 3 pessoas a cada pessoa contaminada. Então, o sarampo é muito mais contagioso”.

Poliomielite
A poliomielite também chamada de pólio ou paralisia infantil é uma doença viral que pode infectar crianças e adultos e, em casos graves, pode acarretar paralisia, geralmente nos membros inferiores. Ela afeta principalmente crianças com menos de cinco anos de idade, e uma em cada 200 infecções leva a uma paralisia irreversível. Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
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Os casos de poliomielite diminuíram mais de 99% nos últimos 30 anos, devido à vacinação: dos 350 mil casos estimados em 1988 para 29 casos notificados em 2018. Mas enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil novos casos no mundo, a cada ano, dentro do período de uma década. Os dados são da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

A poliomielite também é uma das doenças que teve uma baixa na vacinação durante a pandemia. Para a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Aline Bentes, com as quedas na vacinação existe um risco desse vírus voltar a circular. “A baixa cobertura vacinal se dá pelas pessoas ficarem muito em casa devido à pandemia, além das salas de vacinação estarem fechadas ou com horário reduzido”, analisa.

A professora Tércia ressalta que os sinais e sintomas da poliomielite variam conforme as formas clínicas, que variam desde ausência de sintomas até manifestações neurológicas mais graves. "A maior parte das infecções apresenta poucos sintomas e estes são parecidos com os de outras doenças virais ou semelhantes às infecções respiratórias comuns nesta época do ano, como gripe ou o resfriado. Os sintomas são: febre e dor de garganta - ou infecções gastrintestinais como náusea, vômito e, raramente a diarréia".

Cuidados ao vacinar
Para manter o cartão de vacinação em dia, alguns cuidados devem ser tomados, como evitar aglomerações. A professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Daiana Elias Rodrigues, cita algumas medidas de prevenção:

Ao longo do trajeto até a unidade básica de saúde, evite o transporte público;
Mantenha distância de pelo menos dois metros de distância de outras pessoas;
Não deixe crianças tocar em superfícies e objetos. Se acontecer, higienize as mãos dos pequenos com álcool 70;
Crianças menores de dois anos não devem usar a máscara, devido ao risco de sufocamento. Para crianças maiores, o item é necessário, já que diminui o risco de contaminação;
Se a criança estiver gripada ou tiver tido contato com casos suspeitos ou confirmados de coronavírus, deve-se adiar a vacinação por 14 dias.

Antivacinas
Outro motivo que tem contribuído para a baixa na taxa de vacinação são os movimentos antivacina, que promovem a ideia que a imunização não deve ser utilizada e oferece algum tipo de risco para o paciente. O professor Enio combate essa ideia:

“É preciso ter consciência para evitar o achismo e acreditar no juízo conhecimento e discernimento sobre como proteger adequadamente a saúde e a vida humana.”

Ele esclarece, ainda, que, ao contrário do que esses grupos sugerem, a vacinação não oferece nenhum risco. “A imunização protege a vida ao impedir que o ser humano seja exposto a doenças imunopreveníveis e que sofra suas consequências. É um engano dizer que elas fazem mal e devem ser evitadas”, relata o professor.

Fique em dia!
Vacinação é tema de série no programa Saúde com Ciência. Confira a programação:

:: Os riscos dos baixos índices de vacinação
:: Vacinação na pandemia
:: Campanha de vacinação contra o sarampo
:: Queda da vacinação e os riscos da volta da paralisia infantil
:: O alerta da OMS para a vacina tríplice bacteriana

Sobre o Programa de Rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.
(Com Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG)