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Dia Mundial da Enfermagem é marcado por novas experiências e desafios

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O dia 12 de maio é considerado o Dia Internacional da Enfermagem e do Enfermeiro. Neste ano, o simbolismo da data é ainda mais importante. 2020 foi declarado o Ano Internacional dos Profissionais de Enfermagem e Obstetrícia pelaOrganização Pan-Americana de Saúde (OPAS)e pelaOrganização Mundial de Saúde (OMS). O ano foi escolhido em homenagem ao bicentenário de nascimento de Florence Nightingale (1820-1910), patrona da profissão, uma mulher além do seu tempo, considerada fundadora da enfermagem moderna. O marco comemorativo tem o objetivo de reconhecer o trabalho desenvolvido pelos profissionais de enfermagem em todo o mundo, bem como de defender mais investimentos para essaárea da saúde e melhorar suas condições de trabalho, educação e desenvolvimento profissional.

Atualmente, há cerca de 29,7 milhões de enfermeiros no mundo, profissionais que desempenham um papel vital na prestação de serviços essenciais de saúde em todos os níveis de atenção e são cruciais para promover a saúde e prevenir doenças.

A enfermagem é a profissão do cuidado, envolve aspectos humanos, técnicos e científicos. A Escola de Enfermagem da UFMG, em seus 86 anos de existência,tem a missão de formar profissionais para atuar na área de saúde por meio do desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, com compromisso ético e social.

A Enfermagem e a Covid-19
Em 2020, a enfermagem foi convocada para o combate a uma pandemia global que tem causado pânico, crise econômica e mortes. Convocada porque ocupa a linha de frente dos principais serviços de saúde do Sistema Único de Saúde do Brasil. Com esse chamado e com o corpo de evidências desenvolvidos pela enfermagem e outras áreas transversais, buscamos discutir a atuação desse profissional no contexto da rede de atenção à saúde no país, destacando campos do exercício profissional essenciais para o esse enfrentamento global de saúde.

O novo coronavírus evidenciou o protagonismo dos profissionais de saúde, principalmente os enfermeiros, que são os responsáveis por realizar diagnósticos e intervenções de enfermagem, apraza medicamentos e tratamentos, coordena a equipe de técnicos e auxiliares e faz a evolução de enfermagem, além de ter o contato direto e pessoal com o paciente infectado. No âmbito de promoção e prevenção da saúde, o enfermeiro exerce responsabilidade de educar a população para mudar seu estilo de vida individual e em comunidade para melhoria da qualidade de vida.

A Enfermagem tem um papel fundamental na detecção e avaliação dos casos suspeitos, não apenas em razão de sua capacidade técnica, mas também por se tratar da maior categoria profissional de Saúde, e a única que está 24h ao lado do paciente.A aluna do curso de Mestrado em Enfermagem da Escola de Enfermagem da UFMG, Núbia Pires da Rocha Martins, conta sobre a sua experiência no combate ao coronavírus.“Sou enfermeira há sete anos e trabalho no pronto socorro de um hospital degrande porte de Belo Horizonte. Estou na linha de frente do cuidado a pacientes comsuspeita de infecção pelo Covid-19. Foram incluídos à minha prática profissionalnovos fluxos, novas normas técnicas, que mudam a cada hora, nova literatura, treinamentos e novos cuidados ao paciente e a mim mesma, para conseguir o cuidado de maneira eficiente para evitar apropagação da infecção”.

Apesar dos riscos que enfrenta, Núbia se mantém firme no cuidado ao paciente. “Neste momento de crise nós enfermeiros somos vistos como heróis, mas não sou heroína, souuma pessoa que tem família, um filho pequeno, avós idosas, pais com morbidades queos deixam mais vulneráveis a essa infecção. Apesar de tudo isso, escolhi ser enfermeirae amo minha profissão, sei dos perigos que estou exposta e luto para me manterpsicologicamente saudável, para ficar bem e cuidar melhor do outro. Sempre busco pazespiritual e estudo para qualificar melhor meu cuidado, pois cada paciente que entrapela portaria do pronto socorro merece ser atendido de forma digna”, relata.

Ela ressalta que acada nova descoberta de características do coronavírus, os protocolos e práticas de atendimento são alterados. Os Equipamentos de Proteção Individuais (EPI’s) são essenciais para manter a segurança dos profissionais de saúde que prestam assistência aos pacientes infectados. “Ao chegar ao hospital, a primeira coisa a fazer, antesde assumir o plantão, é solicitar à farmácia e ao setor responsável, os EPI’s e a roupaprivativa para minha proteção. Feito isso, começo minhas atividades. Assim que meu plantão termina, é hora de irembora, mas a ansiedade e o medo existem. Ao chegar em casa, a primeira coisa quefaço é, na garagem mesmo, retirar o tênis, deixar a roupa em uma área separada, preferencialmente já na água para lavar, e me higienizar, tudo isso antes de ter contato com meu filho”.

A pandemia da Covid-19 já causou o afastamento de mais de 10 mil profissionais de enfermagem no Brasil. São 88 mortes relacionadas à doença. Os números são do Comitê Gestor de Crise do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que acusa a falta de EPI’s, treinamento adequado das equipes, profissionais de grupos de risco mantidos na linha de frente do atendimento, subdimensionamento das equipes, dentre outros fatores, como a principal causa. “Tenho muito orgulho da minha profissão, essa pandemia mostrou que somoscapazes de atuar e dispensar um cuidado de qualidade, mesmo trabalhando sob o medoe a insegurança. Mostrou que a equipe de enfermagem a qual faço parte permaneceuunida e se ajuda a cada dia, para nos mantermos firmes e de pé para enfrentarmos odesconhecido. Contudo, para realizarmos um trabalho eficiente e seguro precisamos do apoio de políticas públicas que nos amparem e nos dê segurança para cuidar do paciente sem a nossa própria saúde correr riscos”, finaliza Núbia.

As contribuições da Escola de Enfermagem
A diretora da Escola de Enfermagem da UFMG, professora Sônia Maria Soares afirmou a Enfermagem sempre foi e sempre será a profissão que tem na sua  essência o cuidado humano. Não é possível a vida humana sem cuidado. É inegável que este é um momento para exaltar a ética do cuidado humano. Mas o nosso caminho ainda é muito desafiador, e a pandemia veio mostrar muitas interfaces do cotidiano de trabalho na área da Enfermagem. Temos que analisar este momento vivenciado pela profissão em diferentes perspectivas. Lamentavelmente tivemos perdas de vidas de profissionais de enfermagem, que ocorreram em circunstâncias diversas em várias instituições de saúde brasileiras, colocando em discussão as precárias condições de trabalho, contaminação por falta de equipamentos adequados de proteção individual, enfim, foram muitos relatos de profissionais enfermeiros e técnicos de enfermagem, que estão na linha de frente, de verdadeiro descaso com a qualidade de vida no trabalho dos profissionais”.

Sônia enfatiza que este é um legado importante para lutar para a melhoria das condições de trabalho de todos os profissionais de enfermagem. Ela enfatizou que que este é também um momento de muitas oportunidades pela visibilidade a que estão expostos no contexto mundial. “Tenho a convicção que a cada dia que passa vamos nos fortalecendo e buscando outras formas de superar todas as adversidades emergentes. Não podemos perder este aspecto que difunde a importância da Enfermagem em diferentes cenários onde o cuidado é essencial para manter e promover a vida. Não podemos esquecer do legado da nossa protagonista Florence Nightingale, de sempre lutar em defesa da vida humana. É o momento de reafirmar um pacto com as nossas instituições, órgãos de classe em defesa da valorização da Enfermagem. O momento é de reafirmar que precisamos contribuir para preservar o Sistema Único de Saúde, incentivando as medidas de proteção e o isolamento social. A Escola de Enfermagem está alinhada com este propósito” enfatizou Sônia.

No que diz respeito à pandemia, a professora ressaltou que desde a paralisação das aulas presenciais, a Escola tem permanecido mobilizada e envolvida em diferentes frentes de trabalho no combate ao coronavírus. “Desde que iniciamos o trabalho remoto, tivemos que repensar nosso trabalho envolvendo as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Foi oportuno para descobrirmos outras formas de conexão e garantirmos o isolamento social. Esta não tem sido uma tarefa fácil, mas possível por meio de um diálogo contínuo e permanente com a nossa comunidade acadêmica” destacou.

Ainda de acordo com ela, a Escola de Enfermagem tem assumido o compromisso social no enfrentamento da pandemia com papel de destaque para impulsionar e gerar conhecimento, mesmo com poucos recursos financeiros. “Foi muito interessante a mobilização de muitos docentes para criação de projetos de extensão e pesquisa. Podemos ressaltar os projetos de capacitação profissional que foram colocados à disposição por meio das plataformas de EAD, que vai capacitar mais 500 enfermeiros para o manejo clínico de pacientes com COVID-19, a criação de propostas de intervenção em unidades básicas de saúde e instituições hospitalares relacionadas a qualidade de vida no trabalho. A participação significativa de projetos de pesquisa submetidos aos editais para o enfrentamento da pandemia, o que demonstra a capacidade dos pesquisadores da Escola de gerar estudos e outros diferentes projetos de intervenção a partir do acompanhamento da situação epidemiológica da pandemia no país”.

Uma das ações que a Escola de Enfermagem assumiu como parte da sua contribuição no enfrentamento da pandemia da Covid-19, que envolve a parceria da UFMG, Polícia Militar e Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais é a participação na organização de algumas ações do Hospital de Campanha, sob responsabilidade da Polícia Militar, que será inaugurado no Expominas.

(Com informações do Cofen e Coren-MG)
Redação: Vívian Mota - estagiária de jornalismo

Edição: Rosânia Felipe- Jornalista