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No mês de prevenção ao suicídio, professora Teresa Kurimoto fala da importância do acolhimento

O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. O mês foi escolhido em razão do Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, celebrado todo ano em 10 de setembro. O número de suicídios e tentativas vêm crescendo no mundo todo. A delicadeza da temática, associada à crença de que falar sobre suicídio ou tentativa de suicídio contribuía para o aumento do número de acontecimentos, fez com que durante anos não se divulgassem notícias e dados sobre esses dois eventos. Entretanto, sabe-se hoje que a melhor estratégia para lidar com essa condição é falar sobre ela. Falar abertamente, mas respeitando algumas orientações sobre o como falar.

TERESA KA professora do Departamento de Enfermagem Aplicada da Escola de Enfermagem Teresa Cristina da Silva Kurimoto, que integra a Comissão Permanente de Saúde Mental da UFMG, abordou a temática. “Quando se pensa em prevenção de suicídio, de modo geral, todas(os) as(os) cidadãs(ãos) podem contribuir de alguma forma. Isso porque muitas das questões dessa prevenção passam por ações do cotidiano das pessoas, sendo que uma delas é, por exemplo, estar mais atento às pessoas à sua volta e escutar, sem julgamentos ou críticas, quando alguém fala que vem pensando em morrer ou mesmo se mostra angustiado com as dificuldades da vida”, disse Teresa.

A qualidade da vida acadêmica anda lado a lado quando o assunto é prevenção ao suicídio. A professora enfatizou que essa é uma discussão que a UFMG vem fazendo, de modo mais amplo, há poucos anos. Não somente em relação ao suicídio, mas também da saúde mental em geral. “Podemos pensar em diferentes âmbitos em que as ações voltadas à qualidade de vida na academia podem ser elaboradas. Pensando nas pessoas, no âmbito individual, é essencial que cada um esteja atento às suas potencialidades, mas também aos seus limites. Assim, é importante estar atento, por exemplo, ao que o corpo sinaliza: cansaço, esgotamento ou ainda sinais de adoecimento. É fundamental pensar em todos os prazos e metas que cada um tem que cumprir, mas também até que ponto e como é possível cumpri-los”, pontuou a professora.

Como ajudar
Teresa ressaltou que nos tempos atuais temos vivido de forma apressada e construído relações fluidas e efêmeras. Um dos elementos importantes para esses nossos tempos, segundo ela, é que precisamos levantar os olhos e enxergar as pessoas que estão à nossa volta. “É importante construirmos laços em que a diversidade e a pluralidade sejam presenças. Temos um princípio da Política de Saúde Mental da UFMG que é o protagonismo das pessoas em sofrimento mental. Assim, só se é protagonista de algo se, antes de mais nada, sua voz é escutada. Aproximar-se, fazer-se presença, sem julgamento ou patologização, é um bom caminho para se abordar o outro que sofre. Há uma grande complexidade na questão da ajuda, pois ela precisa se pautar nesse protagonismo. Não se pode, efetivamente, definir pelo outro(a) o que é melhor para ele(a). Aquele que oferece ajuda deve falar abertamente sobre o que o preocupa.
Tão importante quanto, é que cada um perceba o quanto consegue ou pode ocupar esse lugar de quem oferece ajuda”, ressaltou a professora.

O processo de percepção do que a pessoa pode estar passando, é importantíssimo, assim como o entendimento da forma de ajudar. “Penso que esse primeiro passo de olhar para as pessoas, de desacelerar no cotidiano – pelo menos ter momentos na semana para isso – usar os canais de comunicação para aproximar-se de forma mais efetiva, são coisas simples que podem nos ajudar a ter mais sintonia com o próximo. A judicialização das questões cotidianas vem se tornando uma realidade. A ameaça, o processo, o grito, tem sido formas frequentes de lidar com os conflitos próprios das relações humanas. Assim, todos e todas, podem ter algo a contribuir para que a vida seja um pouco melhor”, disse.
Conheça algumas iniciativas de acolhimento
O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma proposta nacional de acolhimento, em parceria com o Ministério da Saúde, realizado por pessoas capacitadas para oferecerem apoio para quem precisa falar com alguém no momento que pensa em cometer suicídio. Através do telefone 188 tem-se acesso a alguém que vai estabelecer uma conversa.

A Comissão de Apoio ao Estudante (CAEs), tal como um cais, tem como proposta ser um suporte, um ancoradouro. Os estudantes podem buscar por acolhimento individual, podem propor parcerias para eventos, atividades. É uma comissão da Escola de Enfermagem que tem participantes representantes de todos os segmentos da comunidade acadêmica (servidores e estudantes).

A Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) tem um núcleo de acolhimento em que os estudantes podem demandar por diferentes canais (3409-4178 - núcleo@prae.ufmg.br ou Formulário), das 8 às 22 horas, de segunda a sexta).

Escuta Acadêmica é um dos nomes de iniciativas de acolhimento que acontecem em algumas unidades acadêmicas da UFMG. Essas iniciativas fazendo um trabalho semelhante ao da CAEs, atendem os estudantes de suas respectivas unidades. Temos atualmente na UFMG 12 unidades acadêmicas que têm projetos de acolhimento, apoio ou escuta acadêmica. É importante salientar que nenhum desses se propõe ao trabalho de psicoterapia, em acordo com a Política de Saúde Mental da UFMG.
o que fazer para ajudar

A Comissão Permanente de Saúde Mental da UFMG foi instituída em outubro de 2018, e tem como função apoiar iniciativas, ações, projetos e todos os movimentos que visem dar concretude aos princípios e diretrizes da Política de Saúde Mental da e para a UFMG. “No momento, estamos indo ao encontro da comunidade UFMG em visitas à todas as unidades acadêmicas para nos apresentar, falar da política e escutar a comunidade. Estamos também construindo e já executando um projeto de comunicação sobre saúde mental para a universidade e buscando nos aproximar com diferentes setores da universidade em que as questões da saúde mental, da inclusão ou do sofrimento surgem como, por exemplo, a Ouvidoria, o NAI, dentre outros. Estamos construindo recomendações para aquelas unidades que desejarem construir seus projetos de acolhimento e também levantando dados sobre o que já temos na universidade (projetos de pesquisa, extensão, espaços de convivência, iniciativas de acolhida). Enfim, temos trabalhado para que os princípios e diretrizes de nossa Política ganhem maior concretude. A visita na Escola de Enfermagem está agendada para o dia o 18 de Setembro”, concluiu.
Redação: Augusto Leão, estagiário de Jornalismo
Edição: Rosânia Felipe