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Educação é estratégia para debater questões da anemia falciforme

Célia Maria Silva hematologista da Fundação HemominasO empoderamento da população com anemia falciforme, por meio da educação, para combater os preconceitos e lutar por acesso à saúde foi tema central do evento organizado pelo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio e Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG. O evento, realizado na manhã desta quarta-feira, 19 de junho, auditório Maria Sinno da Escola de Enfermagem, foi uma forma de marcar o Dia Mundial de Conscientização da Anemia Falciforme, celebrado hoje, 19 de junho.

Com o tema “educar para lutar e lutar para viver”, os palestrantes do II Encontro do Projeto Racismo Institucional falaram sobre a relação dessa discriminação com a doença, tendo a finalidade de conscientizar os participantes sobre suas implicações na vida das pessoas e no sistema de saúde.

Para isso, uma das convidadas, Célia Maria Silva, hematologista da Fundação Hemominas debateu os aspectos clínicos da doença e os avanços da medicina na área. De acordo com ela, os médicos ainda têm dificuldade em relação a esses pacientes e, por isso, o espaço do encontro é importante como empoderamento, para que as pessoas tomem conhecimento e ajudem os profissionais de saúde na condução desses atendimentos.
Além disso, ela ressaltou os avanços do tratamento da doença no Brasil, mas o quanto é necessário avançar. “É para melhorar mais ainda o serviço que nós estamos fazendo isso aqui hoje. O objetivo é sensibilizar e passar para a frente essas informações”, afirmou.
Empoderamento dos pais de crianças com anemia falciforme
A estudante Sara Ferreira Barbosa descobriu, a partir do teste do pezinho, que a filha tinha anemia falciforme. Com apenas onze meses de vida, a criança já foi internada por seis vezes. Por isso, a mãe também ressalta a importância desses encontros para sua vida. “Quando vamos ao hospital, a doença é tratada como algo comum que não é necessário se preocupar”, afirmou. “Esses encontros são extremamente importantes, pois são neles que tiro dúvidas. E nós passamos por situações complicadas, como quando minha filha teve que fazer transfusão de sangue e ela é apenas uma bebezinha, por exemplo”, discorreu.

Além disso, a mãe relembrou a falta de informação acerca da doença, devido à invisibilidade da anemia falciforme. “Para mim, era uma doença comum, como qualquer outra, e não é. Como vemos, tem muito óbito, principalmente em crianças”, relatou. “Você tem que preocupar, cuidar e dar atenção dobrada ou triplicada, porque não é uma criança comum, por mais que a gente queira”, disse.

Sara ainda destacou que eventos como o de hoje convocam as pessoas a se alertarem para as outras realidades. “Vivemos em nossos ‘mundinhos’, sem ver e o que acontece fora dele. Então acho que essas palestras são boas para a sociedade ver o que nós, pais de crianças com anemia falciforme, vivemos”, observou.
(Com Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG)