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Escola de Enfermagem recebe alunos da universidade do Canadá para projeto de pesquisa sobre violência obstétrica

A Escola de Enfermagem da UFMG, em parceria com Ryerson University, do Canadá, e com universidades de seis estados brasileiros, iniciou nesta semana o projeto de pesquisa multicêntrico internacional “Abordagem da violência obstétrica no Brasil: perspectivas multisetoriais, empoderamento e cuidado no contexto da política de humanização do parto e nascimento no Brasil”. Para tanto, nove alunos dos cursos de Enfermagem e Serviço Social da Ryerson University chegaram na Escola de Enfermagem nesta semana e executarão a fase de coleta de dados durante 2 meses e meio, na qualidade de assistentes de pesquisa, nos Centros de Saúde e Maternidades do Brasil.

mesa de abertura voeO projeto é coordenado pelas professoras Kleyde Ventura de Souza e Érica Dumont Pena, do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública (EMI) da EEUFMG, e será realizado em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense, Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal de Rondônia e a Universidade Federal do Amazonas.

Entre os objetivos específicos do projeto estão: discutir as mudanças potenciais no contexto obstétrico com base nas recomendações das mulheres no pós-parto e seus parceiros masculinos ou femininos ou seus acompanhantes, que observaram a violência obstétrica durante o parto; documentar as demandas das mulheres (durante a gestação, parto e puerpério), de seus parceiros, bem como dos profissionais dos serviços de saúde e social para melhorar a qualidade dos serviços comunitários, incluindo os de suporte às mulheres vítimas de violência obstétrica e documentar as propostas apresentadas pelos profissionais de saúde para minimizar as barreiras à implementação das recomendações para o parto humanizado.

Os estudantes de graduação canadenses manifestaram interesse pelo projeto e participaram de um processo seletivo na Ryerson University, em 2018. Os nove selecionados tiveram 100 horas de treinamento personalizado da língua portuguesa para serem capazes de interagir efetivamente com a comunidade local. Durante esta semana, eles permanecem na Escola de Enfermagem da UFMG com diversas atividades, visitas técnicas, treinamentos e, na próxima semana, vão para os campos de pesquisa.

Em Belo Horizonte, as pesquisas serão realizadas no Hospital Sofia Feldman, no Hospital das Clínicas da UFMG e no Centro de Saúde Cachoeirinha. “Os estudantes acompanharão algumas situações de cuidados e educação em saúde para aprender como as estratégias para a implementação da Política de Humanização do Parto e Nascimento estão sendo executadas pela equipe de saúde local. Professores de Enfermagem irão acompanhar os estudantes aos contextos clínicos. Além disso, a coleta de dados durante as visitas domiciliares na comunidade será apenas conduzida pelos estudantes acompanhados pelos Agentes Comunitários de Saúde, que visitarão sua população de abrangência, entre elas mulheres grávidas e puérperas”, explicou a professora Kleyde Ventura.

Violência obstétrica
A professora Kleyde Ventura explicou que Violência Obstétrica(VO) é qualquer ato de violência direcionado à mulher grávida, parturiente ou puérpera ou ao seu bebê, praticado durante a assistência profissional - desrespeito: autonomia; integridade física e mental; aos seus sentimentos, opções e preferências.

Ainda de acordo com a professora, Em 2014, a Organização Mundial de Saúde reconheceu a VO como uma questão de saúde pública que afeta diretamente as mulheres e seus bebês.
“Neste projeto, vamos traduzir para as mulheres, profissionais e comunidade, com uma linguagem bem simples, o que é violência obstétrica e como superá-la. É um grande desafio, esperamos com essa experiência uma pequena revolução que inclua todos os protagonistas”, pontuou.

Expectativas dos estudantes
Milenae HannahMilena Paula Oliva Alfaro, aluna do curso de Enfermagem, que fará a coleta de dados em parceria com a Universidade de Brasília, destacou que está muito feliz em participar deste projeto. “Na nossa universidade tivemos uma disciplina que abordou sobre violência obstétrica, temos não somente uma ideia do que vamos aprender ainda mais, como também conhecimento de literatura. Gosto muito da interação holística, poder fazer essa entrevista com muitas mulheres será gratificante”, destacou.

Hannah Argumedo é estudante de Serviço Social e ressaltou a importância da interdisciplinaridade. “Trabalhamos juntos para obter resultados que são para o bem de todos. Interessei pelo projeto porque é um tema muito importante. As pessoas precisam de informação e de políticas que melhorem a vida das mulheres durante a gestação, parto e puerpério”. Ela disse, ainda, que fará a coleta de dados na Universidade Federal Fluminense, acredita que vai aprender muito e espera que este seja apenas o início dos caminhos para os direitos das mulheres.

Disseminação dos resultados
O projeto será inicialmente apresentado à comunidade brasileira da Rede Nacional de Enfermagem no Seminário Internacional de Pesquisa em Enfermagem, em junho deste ano no Rio de Janeiro, com a participação de todos os estudantes e seus supervisores de pesquisa. Posteriormente, os resultados serão divulgados para a comunidade acadêmica com apresentações locais em oito universidades brasileiras, bem como à comunidade acadêmica da Universidade Ryerson. Além disso, um simpósio internacional para concluir as atividades do projeto no Brasil está planejado para agosto de 2019 com a apresentação de resultados preliminares dos campos. A equipe da Universidade Ryerson terá participação online.
ALUNOS DO CANADÁ