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Secretário do Ministério da Saúde fala sobre estratégias de combate à dengue, zika e chikungunya

Wanderson oliveiraMinas Gerais vem enfrentando uma grave epidemia de Dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. É o que mostra o Boletim Epidemiológico de Monitoramento dos casos de Dengue, Chikungunya e Zika Vírus da Secretaria Estadual de Saúde, atualizado no dia 29 de abril. Segundo os dados do boletim, Minas já registra 21 casos de óbito e mais de 165 mil casos da doença. Assim como a Dengue, outras doenças transmitidas pelo mosquito, a Zika e Chikungunya, apresentam cenários preocupantes no estado.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber Oliveira, esteve na Escola de Enfermagem na última sexta-feira, 3 de maio, para tratar sobre o Enfrentamento da Dengue, Zika, Chikungunya no Ciclo de Debates da Pós-Graduação. “É fato que em Belo Horizonte e em alguns municípios de Minas Gerais, tem se enfrentado o aumento de casos de dengue, principalmente pela introdução ou pela exacerbação do sorotipo Dengue 2 nesses locais”, afirmou o secretário.

Na palestra, Wanderson apresentou algumas estratégias adotadas pela Secretaria de Vigilância em Saúde no combate às doenças transmitidas pelo Aedes. Segundo ele, a participação e engajamento da população são de extrema importância. “O que nós estamos buscando com os estados e municípios é aumentar o engajamento da população, porque é com ela que vamos conseguir efetivamente vencer a doença ou, pelo menos, minimizar os danos que pode causar para a sociedade”, afirmou. Algumas ações simples e cotidianas são a principal forma dos cidadãos auxiliarem no enfrentamento a epidemia como o cuidado com a limpeza para a prevenção da proliferação do mosquito. Outras ações também vêm sendo pensadas, estudadas e aplicadas pelo Ministério da Saúde em parceria com universidades e fundações. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma das parcerias, está fazendo um trabalho muito importante, segundo Wanderson. A Fundação está em um processo de pesquisa e implementação de uma bactéria que pode auxiliar na erradicação das doenças transmitidas pelo mosquito. “A Fiocruz vem realizando a pesquisa com a bactéria Wolbachia, que é uma bactéria que está presente em 73% dos insetos, mas que não estava presente no mosquito Aedes”, explica.

Wanderson Kleber Oliveira2De acordo com o secretário, a Wolbachia reduz a transmissão da doença nos locais onde ela circula, pois a bactéria bloqueia a transmissão do vírus pelo mosquito. A descoberta dessa capacidade da Wolbachia foi feita por cientistas do programa internacional ‘Eliminar a Dengue: Nosso Desafio’ liderados pelo professor Scott O’Neill, da Universidade de Monash (Melbourne, Austrália). No Brasil, já estão sendo realizados testes com a bactéria em algumas cidades do país, em Niterói e no Rio de Janeiro, por exemplo, as bactérias já foram implementadas e, de acordo com Wanderson, os resultados têm sido bem promissores. Outras cidades também irão receber estudos em relação a Wolbachia, Belo Horizonte está entre elas. “Nós faremos aqui na cidade, no final deste ano, uma série de ações utilizando a Wolbachia, vamos lançar um conjunto de pesquisa e o município será palco de estudo de uma agência americana, juntamente com a Universidade de Yale e a Fiocruz, financiado pelo Ministério da Saúde”, contou o secretário.

Além dessa estratégia, outra tecnologia pode ser decisiva no enfrentamento a Dengue. O Instituto Butantan está em processo da produção de uma vacina contra a doença, usando de tecnologia brasileira. “O Instituto Butantan tem trabalhado já na fase final do desenvolvimento da vacina com estudos populacionais. É prematuro dizer ainda quando teremos a vacina para uso efetivo (...) o estágio está muito avançado e pode ser que para os próximos anos, a vacina seja a tecnologia mais adequada”, afirmou Wanderson. Uma problemática, porém, é o preocupante movimento anti-vacinas que assola o país e o mundo. O secretário deixou o alerta sobre o perigo da desinformação e as conhecidas ‘fake news’, “acreditem apenas em informações de sites e pessoas confiáveis, como os próprios portais do Ministério da Saúde e profissionais da área”. E ainda completou: “A vacina não é insegura, a vacina não causa autismo, a vacina não é deletéria, ela só faz bem, obviamente salvo em casos como alergias”.

A UFMG também realiza uma pesquisa que pode ajudar a combater o mosquito Aedes aegypti, mas segundo os realizadores da pesquisa e nota da reitoria da Universidade, divulgada na sexta-feira, 03 de maio, esse e outros estudos se vêem ameaçados devido aos cortes nas bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o bloqueio de 30% na verba destinada às universidades federais, anunciado pelo governo na semana passada.
Redação: Teresa Cristina, estagiária de Jornalismo
Edição: Rosânia Felipe