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“É importante defendermos permanentemente a democracia”, afirmou o professor João Antônio em aula inaugural da Pós-graduação

João Antônio de Paula 2É inegável que o Brasil enfrenta uma crise em vários âmbitos da sociedade. A política, economia, o social, a cultura e o meio ambiente enfrentam tempos complexos e de disputas. As Universidades, principalmente públicas, podem assumir nesse cenário um papel importante. É o que afirmou o professor João Antônio de Paula, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas (CEDEPLAR/UFMG), em aula inaugural da Pós-graduação em Enfermagem e Nutrição na última segunda-feira, 15 de abril, com o tema “Democracia e Ciência: desafios em tempos de crises”.

Segundo ele, o objetivo da aula foi, justamente, dar um panorama sobre a grave crise que o país enfrenta e suas várias dimensões, pensando o lugar da Universidade nesse contexto e a relação da democracia com a ciência. “O papel da universidade nesse contexto é de ser crítica e denunciar as mazelas sociais e as contradições, mas, também, tentar oferecer alguma alternativa e maneira de superar a crise e olhar para frente com otimismo, sem esquecer o grave quadro que nós estamos atravessando”, ressaltou João Antônio.

Para o professor, é necessário defender e preservar a democracia nos tempos atuais. “Eu acredito que a democracia é a nossa mãe comum, é importante a gente permanentemente defendê-la, sem ela não é possível a ciência, assim como não é possível a vida coletiva”, argumenta. João enfatizou, durante a aula, que a democracia se encontra ameaçada nos dias de hoje, tendo em vista todo o cenário de disputas e crises. “As ameaças que se dão hoje sobre a democracia comprometem a ciência, a liberdade de pensamento e de expressão de ideias”. O professor criticou, ainda, o projeto de lei “Escola sem partido” que, segundo ele, é uma forma de cerceamento da liberdade de opinião e organização e que isso compromete a vida universitária e a inovação não ciência.

pROFESSOR JOAOJoão Antônio pontuou que o cenário ideal para a democracia é o de “um processo permanente de conquistas, de avanços e de alargamento das possibilidades humanas”. O que, segundo ele, não é a realidade brasileira (e do mundo). “O maior desafio hoje, em tempos de crise, é resistir à avalanche conservadora que está por aí - e que é brasileira e mundial -, que apresenta uma violência imediata enorme e, também, simbólica”, afirmou. Indo além, o professor argumentou que existe hoje um controle dos meios de comunicação que causa uma interferência e manipulação e, de acordo com ele, isso ameaça a circulação livre de ideias.

A professora Kênia Lara da Silva, coordenadora do Colegiado de Pós-graduação em Enfermagem, falou sobre a importância de abordar esse assunto na aula inaugural. "Este tema é bastante relevante para a Ciência em geral e para a Ciência em Saúde, incluindo Enfermagem e Nutrição. A crise democrática tende a acirrar as desigualdades, a exclusão social e ampliar os privilégios. A Pós-graduação é um espaço capaz de gerar reflexões e estudos sobre os desafios que vivemos nestes tempos", afirma. Reforçando a fala de Kênia, o professor João Antônio concluiu dizendo que o tema deveria ser debatido em todos os espaços possíveis. “É uma questão que diz respeito e afeta a todos”, finalizou.

Évelin Angelica Herculano de Morais, aluna do curso de mestrado em Enfermagem, afirmou que a aula foi de extrema importância para o momento atual. "Num cenário de crise, não só econômica, mas também política e de valores humanos, foi fundamental discutir com um especialista da área alguns questionamentos acerca de um pensar reflexivo que eu mesma ainda não tinha percebido diante desse tempo de crise. O papel da Universidade é crucial e a construção de um conhecimento mútuo, saudável e fundamentado no respeito ao próximo é imperativo", ressaltou.

Redação: Teresa Cristina, estagiária de Jornalismo
Edição: Rosânia Felipe