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Pesquisadora desenvolve recurso para planejar parto através do smartphone

PLANO DE PARTOPensando em facilitar o acesso às informações e a autonomia das gestantes em relação às suas decisões, a enfermeira Juliana Moraes Carrilho desenvolveu uma tecnologia chamada “Plano de Parto Eletrônico”. A ideia foi criar uma solução informatizada de fácil manuseio e que auxilie na divulgação e compartilhamento do Plano, que visa permitir a participação mais ativa da paciente em sua gestação.

“Percebi que muitos registros no Cartão da Gestante eram inteligíveis, ou até mesmo nem abordados ou preenchidos. Então vi que o uso de meio eletrônico poderia ajudar a solucionar essa questão e dar maior visibilidade aos Planos”, relata Juliana, em relação aos acompanhamentos de pré-natais. O projeto foi tema de sua tese, defendida junto ao Programa de Pós-graduação em Saúde da Mulher da Faculdade de Medicina da UFMG.

“Muitos profissionais da saúde ainda desconhecem a existência desse Plano. Mas, seja eletrônico ou não, ele deve ser desenvolvido em conjunto com eles. Além da equipe de saúde, o aplicativo também permite que a gestante inclua um familiar para auxiliar no planejamento, e até mesmo compartilhe o seu Plano via WhatsApp”, informa Juliana.

A versão eletrônica
No Plano de Parto, a gestante informa como espera que ocorra o momento do nascimento, é possível solicitar a presença do acompanhante e o registro com fotos, entre outros. Mas para definição do plano, é importante que ela conheça a estrutura da maternidade, assim saberá quais opções estão disponíveis. “O plano de parto eletrônico pode ser facilmente compartilhado com antecedência, mas nada impede que sejam realizadas mudanças a qualquer momento, até mesmo no momento do parto, verbalmente”, afirma Juliana.

Em sua pesquisa, Juliana desenvolveu um modelo de referência para o Plano de Parto eletrônico. “A partir da revisão bibliográfica, acrescentamos algumas perguntas aos modelos já existentes e fizemos adequações para que o modelo pudesse ser informatizado”, conta.

APLICATIVO PLANO DE PARTO2Um dos objetivos do estudo é garantir que haja interoperabilidade da informação, definida por Juliana como “a capacidade de dois ou mais sistemas trocarem informações, independentemente do local onde aconteça”. A enfermeira explica que é difícil estabelecer as formas de expressar o conhecimento clínico da saúde para que qualquer sistema possa entender a linguagem, porém é importante que as informações não fiquem limitadas ao local onde a gestante é atendida. Assim, qualquer maternidade pode otimizar a continuidade do cuidado com o acesso ao Plano de Parto.

Segundo a pesquisadora, em um futuro ideal, essa interoperabilidade pode permitir a troca de informações entre as instituições de saúde e facilitar o atendimento do paciente. “Atualmente, cada maternidade usa um sistema diferente, então quando a gestante vai a um hospital específico, não tem a informação compartilhada com outros locais em que ela pode vir a ser atendida”, explica.

Para seu desenvolvimento, o plano contou com a participação de uma equipe multidisciplinar, formada por médicos e enfermeiros obstetras, web designer e cientistas da computação, sendo que a equipe de saúde foi responsável por validar o modelo de referência do ponto de vista clínico. Após, houve uma avaliação pelas usuárias, gestantes pacientes do Instituto Jenny de Andrade Faria, do Hospital das Clínicas da UFMG.

Segundo a pesquisadora, esse processo de validação foi fundamental. “São pessoas de diferentes níveis de escolaridades e diferentes níveis de dificuldade para uso de aplicativos, por isso buscamos criar um recurso que pudesse ser facilmente usado por todas”, afirma.

A individualidade de cada gestação, assim como o nível escolar também foram levados em consideração ao desenvolver o modelo de referência. “As questões são bem abrangentes, com explicações em linguagem coloquial e espaços para que as usuárias possam colocar outros desejos e expectativas, pois não é possível abordar todos os pontos apenas com questões estruturadas”, explica a pesquisadora.

Aplicativo Meu Pré-Natal
O Plano de Parto Eletrônico foi incluído como uma nova funcionalidade do aplicativo Meu Pré-Natal, desenvolvido em 2016, também na Faculdade de Medicina da UFMG. Segundo Juliana, o uso do aplicativo facilita o compartilhamento de informações entre a gestante e os profissionais de saúde, além de facilitar quaisquer alterações que ela queira fazer ao longo da gestação.

Ela ainda destaca a importância do aplicativo para a disseminação de informações e o papel na educação em saúde. “Desde a implantação, o número de downloads vem aumentando e hoje já passam de 100 mil downloads. Assim, mais pessoas conhecem o plano de parto e podem ter acesso a diversas informações sobre a gestação”, concluiu.

Tema: Plano de Parto Eletrônico: proposta de um modelo informacional para comunicação entre sistemas de informação e apoio à humanização do cuidado
Nível: Doutorado
Autora: Juliana Moraes Carrilho
Orientadora: Zilma Silveira Nogueira Reis
Coorientadores: Gabriel Costa Osanan e Ricardo João Cruz Correia
Programa: Pós-Graduação em Saúde da Mulher
Defesa: 6 de julho de 2018
(Com Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG)