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Mudar a rotina alimentar pode prevenir problemas renais e hipertensão

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda consumir, no máximo, dois gramas de sódio ao dia. Mas, por ser um mineral encontrado abundantemente em carnes e comidas industrializadas, além de ser usado como tempero nos alimentos, os brasileiros não cumprem a recomendação. Em pesquisa divulgada pelo IBGE, o brasileiro consume em média 4,7 gramas de sódio por dia, ou seja, mais que o dobro do recomendado. Esse excesso pode trazer graves consequências para saúde, como hipertensão e problemas renais.

SódioOs temperos à base de sódio, como o sal de cozinha, e os produtos industrializados, como macarrão instantâneo, são duas grandes fontes de concentração do elemento. Rafael Claro, nutricionista e professor do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, cita duas medidas para reduzir esse sódio na alimentação: “Não consuma alimentos ultraprocessados. Eles têm um problema que é você não saber o quanto de sódio que tem nesse alimento, e isso é um risco para o indivíduo. Então, faça de alimentos frescos a base da sua dieta. E, para temperar, as pessoas têm que criar o hábito de não usar só o sal na comida e começar a mesclar com outros temperos”, recomenda.

“Hoje, no Brasil, a maior parte do sódio consumido é de adição, ou seja, o sal de cozinha. Isso dá cerca de ⅔ do total de sódio consumido, e o outro terço vem de outros alimentos, geralmente os ultraprocessados”, conclui o professor Rafael Claro. Portanto, a redução do consumo de sódio vai além de parar de ingerir alimentos industrializados. Consiste também em mudar as formas de temperar a comida que é consumida diariamente.

Isso porque utilizar temperos diferentes garante que os alimentos tenham sabor e reduz a ingestão de sódio. Segundo o professor Rafael Claro, alguns tipos de vinagres, como o vinagre de álcool ou o de maçã; pimentas, como a do reino e a malagueta; ervas em geral, como orégano, manjericão seco e fresco, sálvia, salsinha, cebolinha e coentro, são alguns dos exemplos de temperos que podem substituir o sal.

Cebola, alho e limão também são recomendações de temperos que podem ser usados nas refeições, de acordo com a professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Lilian Pires. Essas medidas são importantes para que os efeitos do consumo aumentado de sal na alimentação não atinjam a população. “Esse excesso pode ter consequências principalmente para quem já é hipertenso e para quem já tem problemas nos rins. E, para a população que não tem problemas de saúde, aumentam as chances de se tornar hipertensa”, alerta a professora.

Uma dieta rica em sódio pode favorecer o desenvolvimento da hipertensão, já que a ingestão exagerada do elemento pode causar retenção de líquido, levando ao aumento da pressão arterial. O consumo em excesso também favorece a formação do cálculo renal, também conhecido como pedras nos rins. E explicação é que o sódio retira o cálcio dos ossos e aumenta a concentração do elemento na urina.

Hipertensão e problemas renais

A hipertensão é uma doença caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Uma média definida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia é a pressão 12 por 8. Mas, existem alguns indivíduos que não atingem esse número e não tem problemas de pressão necessariamente. “Nós consideramos hipertensos aqueles pacientes que tem a pressão cistólica maior que 140 milímetros de mercúrio, ou seja, 14, como dizem na linguagem popular”, afirma o cirurgião cardiovascular e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Charles Simão.

Atualmente, 32% da população adulta brasileira, equivalente a 36 milhões de indivíduos, têm hipertensão. Os sinais nem sempre são evidentes: em casos de hipertensão leve, a doença se manifesta de forma silenciosa. Já em casos mais graves, de pessoas que variam a pressão entre 14 e meio e 15, pode manifestar sintomas como dor de cabeça e cansaço nas atividades diárias.

Se o paciente não buscar um acompanhamento médico e o tratamento indicado, a hipertensão pode gerar problemas nos rins, como o cálculo renal, que é a famosa pedra nos rins. Segundo a professora Lilian Pires, existe um aumento desses casos principalmente em pessoas que tem pré-disposição genética e em épocas mais quentes do ano, como o verão.

“Uma dieta rica em sal também predispõe a uma formação maior de cálculo”, alerta a professora da UFMG. Por isso, melhorar a alimentação, reduzir o consumo de sódio e aumentar a hidratação, são medidas importantes para prevenir a hipertensão arterial e os cálculos renais.

Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.
(Com Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina da  UFMG)