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Especialista explica como o açúcar age no nosso organismo

Frutas, massas, cereais e alimentos ultraprocessados, como refrigerantes e biscoitos. O que eles têm em comum? Se você chutou o açúcar, termo genérico para carboidratos, acertou. O que muda, no entanto, é o tipo de carboidrato e a quantidade que é encontrada nesses alimentos. E é preciso ficar atento, pois o consumo elevado de açúcar pode complicar a saúde: a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que esse consumo corresponda a menos de 10% da ingestão calórica diária da população. Por isso, para fazer boas opções à mesa e não exceder esse percentual, é importante saber como o açúcar age no organismo.

O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina e endocrinologista, Josemar de Almeida Moura, explica que os carboidratos simples como macarrão, pão branco, refrigerantes e biscoitos, são metabolizados mais rapidamente pelo organismo se comparado aos carboidratos complexos como frutas e pão integral.

“Essa diferença se dá no processo de absorção dos alimentos. Nos carboidratos complexos, é preciso que ocorra uma quebra do alimento para depois ser transformado em glicose e, assim, ser absorvido”, explicar Josemar.

AçucarO processo é diferente quando se consome fontes de carboidratos simples. Isso porque rapidamente o corpo transforma esse tipo de carboidrato em glicose, o que desencadeia um aumento na produção de insulina pelo pâncreas. Essa insulina é responsável por metabolizar a glicose e transformá-la em energia para o corpo. “O açúcar absorvido mais rapidamente aumenta a insulina. Esse aumento abaixa a glicose e aumenta o apetite”, esclarece o professor.

Exemplos são alimentos como arroz integral e branco. Apesar da semelhança na quantidade de calorias, o tempo de digestão desses alimentos é diferente. “O arroz integral gera um pico de glicose mais demorado, o que torna sua absorção mais lenta pela insulina e gera um prolongamento da sensação de saciedade. Já o arroz branco é digerido mais rápido e gera um pico de glicose alto que, rapidamente, é digerido pela insulina. Assim, a pessoa sente fome em menos tempo”, exemplifica o endocrinologista.

Redução do consumo

Quanto mais se consome alimentos que são fontes de carboidratos, maior a possibilidade de gerar excedente do açúcar no organismo, que será transformado em triglicérides e armazenado como gordura. Esse excesso contribui também para o desenvolvimento de doenças como diabetes e obesidade.

Devido a esses riscos, no mês de novembro deste ano, o Ministério da Saúde e as indústrias fizeram um acordo para reduzir a quantidade de açúcar nos alimentos industrializados, como sucos, refrigerantes bolos e misturas, achocolatados, dentre outros.

Segundo o professor Josemar, a decisão é importante para reduzir a quantidade de açúcar. Porém, o ideal seria ingerir menos esses tipos de alimentos. “Do ponto de vista nutricional, eles não são saudáveis por conterem, ainda, outras substâncias químicas”, explica.

De acordo com a professora no Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Larissa Loures Mendes, não há um método único para diminuir o açúcar na dieta. “Essa redução é algo que depende do intuito da pessoa. Entretanto, uma opção para pessoas saudáveis é fazer escolhas inteligentes, como substituir um açúcar mais refinado por um menos refinado e trocar o açúcar branco pelo mascavo, melado ou mel, que são mais nutritivos”, orienta Larissa.

A professora também esclarece alguns mitos e verdades sobre o açúcar. Confira a seguir:

Usar adoçante é mais saudável do que usar açúcar.

Em partes, pois depende para quem ele vai ser indicado. Para pessoas que são diabéticas ele é melhor, mas para as pessoas em geral é indicado consumir açúcar menos refinados ou ter uma alimentação saudável com alimentos in natura ou menos processados.

Os tipos de açúcar mais escuros, como o mascavo, são melhores para a saúde.

Verdade. Eles têm as mesmas calorias em relação à questão energética, mas possuem mais minerais e vitaminas em relação aos tipos mais processados. Pessoas com diabetes são proibidas de consumir açúcar.

Outros alimentos podem substituir o açúcar, como o mel.

Verdade. É um alimento energético que pode substituir o açúcar, mas é preciso lembrar que ele deve ser consumido com moderação.

Crianças menores de dois anos podem ingerir açúcar.

Mito. Crianças com menos de dois anos não devem consumir nenhum tipo de açúcar. Isso porque existe uma tendência de a criança ficar com um paladar voltado para o consumo de açúcar. No futuro, esse contato precoce pode produzir uma geração que vai querer consumir muito açúcar.

Existe um horário mais adequado para consumir açúcar.

Depende. Se pensar na quantidade de insulina que é produzida nas refeições feitas ao longo do dia, é mais interessante depois do almoço, pois se produz uma grande quantidade de insulina.
(Com Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)