A cada 38 minutos um homem morre no Brasil devido ao Câncer de Próstata, os dados alarmantes são do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ainda de acordo com o INCA, é estimado para o biênio 2018 e 2019, 60 mil novos casos da doença para cada ano. A enfermeira, professora do Departamento de Enfermagem Básica (EEUFMG), e coordenadora da Programa de Extensão Rede Mineira de Enfermagem e Pesquisa Clínica em Oncologia, Giovana Paula Rezende Simino, explica que o câncer de próstata é uma neoplasia maligna, característica de homens principalmente a partir dos 65 anos de idade.
A doença, que é o segundo câncer mais comum entre os homens perdendo apenas para o câncer de pele, tem a idade como principal fator de risco. Giovana esclarece que o hormônio testosterona está associado ao desenvolvimento da doença, servindo como um agente cancerígeno, por isso a idade como fator de risco, pois quanto maior a idade, maior a exposição do homem ao hormônio ao longo da vida. Há, ainda, o fator hereditário. “Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos pode aumentar o risco de se ter a doença”, explica a enfermeira.
A possibilidade de cura está ligada a descoberta do câncer ainda na fase inicial, por esse motivo os exames preventivos são de extrema relevância. Além disso, “é de fundamental importância que o homem conheça os sinais e sintomas da doença e que a equipe de saúde aproveite as consultas e acessos aos serviços de saúde para possibilidade de prevenção oportunista para o câncer de próstata”, acrescenta Giovana.
A descoberta na fase inicial da doença auxilia, ainda, no próprio tratamento. “A detecção precoce traz a possibilidade de tratamentos mais conservadores para o paciente”, afirma a professora. São dois os tipos de exames de detecção precoce contra o câncer de próstata que podem ser feitos, o laboratorial por meio de exame de sangue em que é verificada a dosagem de PSA (antígeno prostático específico), e por meio do exame físico clínico, com o toque retal. O último tipo enfrenta, até hoje, preconceitos e tabus relacionados a fatores culturais. Vale ressaltar que o Ministério da Saúde não recomenda periodicidade para a realização dos exames, visto a possibilidade de sobrediagnóstico e tratamentos que podem ser mais prejudiciais que o câncer que não evoluiria clinicamente. Apesar do cenário preocupante em que a doença está envolvida, o Ministério da Saúde esclarece que o câncer de próstata pode ter comportamento latente, ou seja, não se desenvolver. “O idoso pode morrer com o câncer sem ter sintomas da doença”, a professora reforça. De toda forma, o acompanhamento com profissionais de saúde é necessário.
Sobre isso, a Giovana aponta para a importância de campanhas de conscientização e de combate ao preconceito e defende, ainda, que os homens cuidem da saúde ao longo de toda a vida. “Muitos homens que não realizaram exames de detecção precoce ao longo da vida têm ainda mais dificuldade em criar o hábito da prevenção. Nesse sentido, a educação para prevenção em campanhas realizadas na atenção primária à saúde podem trazer benefícios para a melhoria da adesão à prevenção”, afirma.
Apesar do cenário preocupante em que a doença está envolvida, o Ministério da Saúde esclarece que o câncer de próstata pode ter comportamento latente, ou seja, não se desenvolver. “O idoso pode morrer com o câncer sem ter sintomas da doença”, a professora reforça. De toda forma, o acompanhamento com profissionais de saúde é necessário.
Assim como qualquer câncer, para a prevenção é importante levar a vida de maneira saudável, baseada em exercícios físicos e alimentação rica em frutas e verduras. Giovana completa: “uma vida livre do tabaco e de bebidas alcoólicas são medidas protetivas contra o câncer”.
Tratamento e Cirurgia
O tratamento da doença, possibilitado pelo Sistema Único de Saúde de maneira completa, está baseado em cirurgia e radioterapia, mas pode ser complementado com hormonioterapia e quimioterapia, explica a professora Giovana Simino.
A enfermeira e professora do Departamento de Enfermagem Básica da EEUFMG, Luciana Regina Ferreira da Mata, pesquisadora da área de cuidados pós operatórios relacionados à cirurgia de próstata, esclarece que a cirurgia padrão para pacientes que apresentam a doença é a prostatectomia radical que consiste na remoção da próstata, das vesículas seminais e dos linfonodos presentes no quadril.
“Nos casos de tumores restritos à próstata, essa cirurgia constitui a única forma de tratamento realmente curativo”, afirma Luciana. De acordo com ela, esse é o método mais seguro e confiável para extinguir o câncer de próstata localizado e apresenta mais sucesso quando a doença é diagnosticada precocemente.
A professora Luciana da Mata assegura que os riscos dessa cirurgia são muito parecidos com os de qualquer cirurgia de grande porte (reações à anestesia, hemorragia, coágulos sanguíneos em membros inferiores ou pulmões, lesões a órgãos próximos, infecção no local da incisão).
No que tange às possíveis complicações pós operatórias, a professora Luciana ressalta que as complicações mais temidas é a incontinência urinária e a disfunção erétil. “Geralmente o controle da bexiga, retorna ao normal dentro de alguns meses após a cirurgia, contudo, conforme a dimensão do tumor e a complexidade para sua remoção, a incontinência urinária é prolongada. Os nervos que permitem as ereções podem estar lesionados ou terem sido removidos, impedindo a ereção durante a relação sexual. A capacidade de ter novamente ereções após a cirurgia ocorre lentamente, às vezes, precisando usar medicamentos ou outros tratamentos”, afirma.
A professora Luciana da Mata reforça que os cuidados pós operatórios, principalmente os relacionados à educação em saúde, são muito importantes. “A falta de conhecimento sobre como será a recuperação e como realizar o autocuidado em domicílio pode ter um significativo impacto para uma recuperação pós-operatória saudável, sendo também um dos motivos para desencadeamento das morbidades psicológicas (ansiedade e depressão)”, reitera a enfermeira.
O papel que o profissional de enfermagem desempenha por esse ângulo é significativo. “O enfermeiro desempenha importante papel no preparo para alta de pacientes submetidos à prostatectomia radical, uma vez que estes, frequentemente, deixam o hospital com dúvidas e expectativas. A abordagem realizada pela equipe de enfermagem, então, deve contemplar não só o ensino do autocuidado, mas também o apoio emocional e informações”, disse Luciana.
Fique atento aos sintomas e sinais
Segundo a professora Giovana Simino, sintomas e sinais da doença podem indicar o câncer já em progressão. Por isso, é importante estar atento a alterações do tipo:
• Dor ao urinar;
• Fluxo urinário fraco ou interrompido;
• Dor pélvica;
• Sangramento na urina ou no líquido seminal;
• Necessidade de urinar mais vezes ao longo do dia e noite;
• Disfunção erétil.
Deve-se ficar atento a apresentação desses sintomas e sinais, porém a doença pode surgir também assintomática, os exames preventivos, então, são sempre indicados e de extrema importância. Na presença de qualquer uma dessas alterações, consulte um profissional de saúde.
Redação: Teresa Cristina– estagiária de Jornalismo
Edição: Rosânia Felipe