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Segundo dia de Congresso tem programação diversa

O segundo dia do Congresso Internacional de Gestão em Saúde seguiu “a todo vapor” na Escola de Enfermagem, na Faculdade de Medicina e no Hospital das Clínicas. Durante a manhã e toda a tarde do dia 2 de outubro, o público inscrito participou de palestras, debates, oficina e conferências com temas diversos dentro do campo da saúde.

Mulheres na Ciencia AdrianaMulheres nas Ciências: um panorama a partir do fomento no CNPq foi tema da primeira palestra do dia ministrada pela diretora do Programa de Pesquisa em Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais, Adriana Maria Tonini. Sobre a situação atual da participação das mulheres na pesquisa científica no Brasil, ela esclareceu que a proporção de mulheres que publicam artigos científicos cresceu 11% no Brasil nos últimos 20 anos e que elas publicam quase a mesma quantidade que os pesquisadores homens (49%). "A proporção de mulheres “inventoras” no país subiu de 11% para 17% entre 1996 e 2015. Mas, publicações de áreas como Computação e Matemática têm mais do que 75% de homens na autoria dos trabalhos", pontuou.

No que diz respeito às dificuldades e obstáculos, ela destacou o contexto social segregador: na educação e na divisão de trabalho; múltiplas violências; sub-representação de mulheres em posição de decisão, não apenas na academia;política com perspectiva de gênero incipientes, também nas ciências; e pouca divulgação da História de pesquisadoras.

Adriana citou, ainda, ações e políticas públicas para a participação das mulheres na ciência como ampliar e garantir a continuidade da ação de inclusão; promover a inserção da perspectiva de sexo/gênero em todas as áreas do conhecimento; promover ações de inserção das jovens nas STEM e melhorar a proporção de mulheres em cargos de gestão na política científica e tecnológica

Impacto das Políticas de Austeridade: desafios para o SUS foi tema da palestra do professor especialista em políticas públicas Rômulo Paes de Sousa, do Centro de Pesquisa René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

Ele destacou sobre os impactos em grandes grupos de agravos e citou:Transtornos Mentais - suicídio, tentativas de suicídios e depressão; doenças Infecciosas – HIV e Tuberculose (Malária e Febre do Nilo); doenças Crônicas Não Transmissíveis – doenças cardiovasculares; doenças da infância – mortalidade, asma, acidentes domésticos e doenças ocupacionais – absenteísmo.

oficina preparador fisicoNo período da tarde, diversas atividades estiveram na pauta. A primeira foi uma oficina realizada no Pilotis da Escola de Enfermagem com o tema ‘Atividade Física como ferramenta para trabalho em equipe e mediação de conflitos”. O personal trainer e educador físico Willer José Teles Jorge trabalha na área há cerca de dez anos e foi o professor da oficina. Ele defendeu que a atividade física e dinâmicas em grupo podem influenciar bastante o trabalho em equipe dos profissionais de saúde. “A atividade física pode promover a integração entre as pessoas, pois ela acaba proporcionando uma desinibição e quebrando algumas barreiras entre a equipe”, explicou Willer.

“Avanços na Investigação de Eventos Adversos” foram abordados pelo enfermeiro Hoberdan Oliveira Pereira, doutorando do Departamento de Medicina da UFMG e coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Municipal Odilon Behrens. Ele explicou que eventos adversos são qualquer dano que acomete um paciente associado a assistência à saúde, ou seja, o que sai fora do programado e qualquer dano ou lesão que um profissional de saúde possa ter acometido no paciente.

Hoberdan destacou, ainda, sobre a importância de se precaver em relação aos eventos adversos. “Devemos trabalhar, sobretudo, a prevenção, dando atenção às circunstâncias de risco antes que o evento aconteça”, disse. Em sua apresentação, o enfermeiro monstrou, além dos avanços na investigação de eventos adversos, uma contextualização dos eventos no Brasil, o custo que eles trazem e um pouco a respeito da judicialização na saúde.
Trabalho e gestão participativa
Além de palestras, o congresso contou também com mesas-redondas. Uma delas tratou do Trabalho e Gestão Participativa na Saúde e contou com a presença da professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Luciana de Gouvêa Viana, da diretora executiva do Hospital Metropolitano Dr. Célio Castro Maria do Carmo e da médica Susana Maria Moreira Rates que além de atuar em hospitais, é coordenadora da Rede de Urgência e Emergência.

A professora Luciana Gouvêa esteve na diretoria dos Hospital das Clínicas (HC) entre o ano de 2010 a 2018 e defende que sua presença na mesa se justifica pela sua vivência com gestão participativa na instituição. “O hospital foi pioneiro na mudança de seu modelo de governança, criando conselhos de unidades funcionais e implantando metodologias de gestão participativa”, disse. A professora lembrou, ainda, que a convidada Maria do Carmo também esteve na época junto da implementação desse modelo no Hospital das Clínicas.

Além disso, Luciana afirma que o tema da mesa somado a renomadas presenças trouxe importantes contribuições. “A discussão é riquíssima com essas três vivências diferentes, porém convergentes, dentro desse desafio que é você implementar e manter o princípio de gestão participativa dentro dos hospitais públicos”, destacou a médica.

HelvécioAvaliação da qualidade
O presidente do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, Sebastião Helvécio Ramos de Castro, ministrou palestra sobre controle e avaliação da qualidade do Serviço de Saúde: aferição, índice aplicação, glosas mais frequentes na saúde. Ele abordou sobre a importância do governança e da gestão na área da saúde. “os indicadores disponíveis mostram que embora o setor de saúde tenha um resultado melhor quando comparado com os similares, ainda há um grande caminho a percorrer. No sentido da qualificação do gestor público e principalmente na mentalidade, que esta gestão seja feita em rede.

De acordo com Helvécio, muito mais importante que conhecer a quantidade é qualidade, como que esse gasto está modificando a qualidade de vida das pessoas. “Na área da saúde essa questão é vital porque se não se tem um gasto de qualidade, terá uma medicina de atenção primária e atendimento hospitalar equivocados e consequentemente um número maior de pessoas adoecendo naquele território sanitário”.

Ainda de acordo com ele, é preciso reconhecer que tivemos um grande avanço nesses 30 anos do SUS. “Desde a constituição de 1988 até hoje, o Sistema Único de Saúde do Brasil recebe um tratamento Constitucional e Legislativo que melhoro ua vida das pessoas e todos os indicadores são favoráveis. O SUS é um garotão de 30 anos que ainda tem alguns problemas e nós precisamos ajudá-lo na formação para que esses problemas sejam realmente a solução de um grande desafio que é poder oferecer uma saúde pública de qualidade para todos os brasileiros”, finalizou.

A programação deste segundo dia se encerrou com a conferência “Ampliar o Conceito de Saúde: Capricho Acadêmico ou necessidade Política?” com o palestrante Marco Akerman, professor titular do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), no Salão Nobre da Faculdade de Medicina. “Diante da privatização dos serviços de saúde, da confusão entre saúde e assistência a saúde, é preciso pensar como a gente pode ampliar o conceito de saúde numa lógica de disputa do imaginário social em saúde com a população. As eleições estão próximas, temos que pensar não só os serviços de saúde, mas também em como podemos ampliar as ações do setor de saúde”.
trabalhos apresentados
Redação: Teresa Cristina– estagiária de Jornalismo
Edição: Rosânia Felipe