Nesta quarta-feira, 26 de setembro, foi realizada na Escola de Enfermagem uma mesa-redonda para discutir empreendedorismo na Enfermagem. As enfermeiras empreendedoras Elenita Marcatti, consultora educacional Coloplast; Anna Carolina Riul, do Oncocentro; Paula Vereza, consultora Materno Infantil e Elen Peixoto, da Clínica de estética Elen Labouré compartilharam as experiências.
A coordenadora do evento, professora do Departamento de Enfermagem Aplicada da EEUFMG, Maria José Menezes Brito, enfatizou sobre a importância de discutir esse tema. “Nós, professores das disciplinas da área de administração, temos um compromisso de formar os estudantes para atuarem no leque mais abrangente possível de possibilidades que a enfermagem oferece. O tema empreendedorismo foi, inclusive, uma demanda dos alunos de graduação em Enfermagem do semestre passado e que conseguimos concretizar esse ano. É muito importante chamar atenção para o fato de que estamos envolvendo alunos da pós-graduação nesses processos porque isso torna a atividade muito mais dinâmica, complexa e cumpre o princípio também da universidade de fazer essa integração”, enfatizou.
A professora destacou, ainda, que o empreendedorismo tem que fazer parte da vida de qualquer profissional e que a capacidade de vislumbrar, de visualizar, de criar e de inovar é necessária em qualquer área que ele esteja.
Sobre as enfermeiras convidadas para ministrar as palestras, Maria José disse que a intenção foi ir além da teoria. “Dizendo o que é, mas como é e o que a gente pode fazer na prática, então elegemos pessoas de campos diferentes, que atuam na enfermagem em várias áreas distintas e na iniciativa privada, como profissionais, e, também, de quem tem seu próprio negócio. Trouxemos exemplos de quem foi contratado por uma empresa porque empreendeu e outros que por empreender montaram sua própria empresa. Tentamos diversificar o máximo possível com inserções diferentes no campo do empreendedorismo para que os estudantes pudessem ter um leque maior de vivências”, concluiu.
A mestranda em enfermagem da EEUFMG, Natália Gherardi Almeida, durante a abertura do evento explicou que empreendedorismo é a criação ou aperfeiçoamento de algo, com a finalidade de gerar benefícios aos indivíduos e a sociedade. É ser capaz de protagonizar novos campos e práticas de atuação profissional.
Ela destacou Florence Nightingale, a precursora da enfermagem moderna e primeiro exemplo de prática empreendedora. De acordo com Natália, ela foi fundadora da primeira escola de enfermagem; revolucionou a organização de espaços assistenciais; incorporou atitudes sanitaristas, administrativas e epidemiológicas; deu enfoque educativo relacionado ao auto-cuidado; disseminou seus conhecimentos em seu livro: “Notas Sobre Enfermagem”; e teve olhar holístico, resgatando o cuidado como uma ciência e valorizando o indivíduo.
Experiências
Elenita Lívia Marcate Mota, Consultora Educacional da Conoplast, trabalha com pessoas que têm necessidades íntimas de saúde e destacou a importância de trazer para os alunos a questão de que o empreendedorismo proporciona oportunidade de ter outros mercados, de ter uma autonomia de trabalhos e mostrar outras áreas da enfermagem que é possível trabalhar e ter uma realização profissional e pessoal. “É muito importante a gente ter sempre um objetivo e através dele conquistar as nossas metas. Precisamos, também, ter essa visão holística do cuidado, pensar com respeito quando você vai fazer um cuidado com o paciente. Ser amplo no pensamento”, enfatizou.
Anna Carolina Riul, enfermeira de navegação na Oncocentro, explicou que a “navegação” é um processo proativo, intencional, que ajuda os pacientes e seus familiares a se informarem durante a jornada do tratamento contra o câncer, com o objetivo de melhorar o cuidado centrado no paciente. “O papel do enfermeiro navegador é fornecer informações, apoio emocional, facilitar a tomada de decisões, ligação a recursos; fornecer assistência prática, identificar e desenvolver apoios comunitários. Foi criado para garantir que todas as necessidades de cuidados não médicos ou de suporte sejam avaliadas e abordadas durante a trajetória do câncer”, explicou.
Anna ressaltou, ainda, que a enfermagem tem um leque muito grande de opções e áreas para trabalhar e o empreendedorismo vai causar na pessoa um estímulo para ser diferente e se destacar naquilo que faz.
A enfermeira Paula Vereza, consultora Materno Infantil especialista em aleitamento materno, defendeu a importância dessa discussão ainda na graduação, pois, segundo ela, é uma oportunidade de conhecer a área como um todo. "Na minha graduação eu não tive essa oportunidade de discutir empreendedorismo e um enfermeiro que está formando agora saber que tem esse caminho também para desbravar é muito importante", disse Paula. Além disso a consultora defendeu que é importante que os profissionais estabeleçam parcerias e valorizem os colegas enfermeiros empreendedores, escolhendo, por exemplo, um profissional enfermeiro na hora de buscar algum trabalho especializado.
Para Elen Peixoto, enfermeira e proprietária da clínica de estética 'Elen Labouré', incorporar empreendedorismo na enfermagem ajuda a dar visibilidade para a profissão. "Formar enfermeiros empreendedores propicia para a classe uma gama maior de profissionais sendo visualizados e isso traz força para a enfermagem. Mostra que somos mais do que aferir pressão, dar injeção, etc.", disse Elen.
Durante sua palestra, a enfermeira mostrou as dificuldades e alegrias de empreender na área e incentivou os alunos a perseguirem seus objetivos, além de falar mais especificamente sobre legislação do profissional de enfermagem na estética.
A aluna do 8º período do curso de Enfermagem, Camila Eller Salviano Stófel, enfatizou que a discussão sobre empreendedorismo na enfermagem neste evento foi muito enriquecedora. “Muitas vezes não imaginamos que temos tantas possibilidades fora da atenção hospitalar. Mas acho que a maior lição que eu levo é a de apoiar a classe do enfermeiro. Os enfermeiros estão fazendo tanta coisa legal. Espero um dia ver diversos enfermeiros especialistas, trabalhando cada um em sua área, mas um indicando e consultando o outro. Saí inspirada deste evento.