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Projeto CUME é destaque na Revista International Journal of Epidemiology da Universidade de Oxford

CUME2Foi publicado, na Revista International Journal of Epidemiology da Universidade de Oxford, uma das principais revistas de epidemiologia do mundo, um artigo sobre o projeto Coorte de Universidades Mineiras (CUME). O artigo é um dos resultados da tese de doutorado da aluna Ana Luiza Gomes Domingos, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição, da Universidade Federal de Viçosa, orientada pela professora Josefina Bressan. Conta também com a autoria do professor do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG Adriano Marçal Pimenta, coordenador geral do projeto, e das professoras do Departamento de Nutrição da EEUFMG, Aline Cristine Souza Lopes e Luana Caroline dos Santos.

Além deles, estão envolvidos, com o projeto e com o artigo, os pesquisadores das Universidades Federais localizadas em Minas Gerais (UFMG, UFV e UFOP): Aline Elizabeth da Silva Miranda, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFMG, Helen Hermana Miranda Hermsdorff, Fernando Luiz Pereira de Oliveira; a pesquisa contou ainda com a assessoria do investigador principal de uma das coortes mais importantes do mundo, o estudo Seguimiento Universidad de Navarra (SUN), professor Miguel Ángel Martínez González.

O projeto CUME é um estudo de coorte aberta, iniciado em 2016, com o objetivo de avaliar o impacto do padrão alimentar, de grupos de alimentos, de nutrientes e de fatores dietéticos específicos no desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). O artigo publicado abordou o perfil demográfico, socioeconômico, de hábitos de vida, de condições de saúde e de consumo alimentar dos participantes da linha de base do projeto CUME no qual foi constatada a presença de indivíduos de todos os Estados do Brasil, com predomínio de pessoas jovens (entre 30 e 39 anos), do sexo feminino e com nível de escolaridade de pós-graduação.

“Ainda entre os participantes, 8,9% eram fumantes, 46,3% sedentários ou insuficientemente ativos, 56,5% consumidores pesados de bebidas alcoólicas (binge drinking), 40,8% tinham excesso de peso, 22,6% hipercolesterolemia, 12,7% hipertrigliceridemia, 3,3% hiperglicemia, 11,6% hipertensão e 12,8% depressão. O consumo médio diário de calorias foi de 2.242, distribuídas em 47,3% de carboidratos, 17,4% de proteínas e 33,1% de lipídeos”, explicou o professor Adriano Marçal.

De acordo com o docente, os dados do projeto CUME são coletados em ambiente virtual próprio por meio de questionários eletrônicos que são enviados a cada dois anos aos participantes. Entre março e agosto de 2016, os participantes responderam ao questionário da linha de base (Q_0) com perguntas relativas às características demográficas, socioeconômicas, de hábitos de vida, de condições de saúde e de consumo alimentar (Questionário de Frequência de Consumo Alimentar). “Inicialmente, 3.138 participantes completaram todo o questionário e atenderam aos critérios de inclusão da pesquisa (ter idade acima de 18 anos, ser brasileiro nato, residir no Brasil, ser egressos das instituições federais participantes da pesquisa). Até o momento, nossos achados mostram altas prevalências de hábitos nocivos e enfermidades crônicas de saúde entre os participantes, apesar do alto grau de escolaridade dos mesmos”, relatou.

Adriano Pimenta CUMESegundo Adriano, os participantes entrevistados do projeto CUME são pessoas com alto grau de escolaridade. Sendo assim, esperava-se que eles tivessem melhores hábitos de vida e condições de saúde, uma vez que a escolaridade é um fator protetor para a exposição a fatores de risco e para a ocorrência de enfermidades crônicas. Entretanto, foram altas as prevalências de hábitos nocivos e doenças crônicas como o alto consumo de bebidas alcoólicas e alta frequência de depressão entre os participantes.

“Até o momento, nossas análises se restringem a um corte transversal. Particularmente, neste artigo, o objetivo foi caracterizar o consumo energético e de macronutrientes dos participantes. Outros estudos conduzidos pelo nosso grupo, particularmente, dissertações de mestrado defendidas e teses em andamento, evidenciaram as seguintes associações: do consumo de dieta pró-inflamatória e o excesso de peso; do consumo de refrigerantes, doces e açúcares de adição e a depressão; do consumo de vitaminas do complexo B e o excesso de peso e a depressão”.

O professor explicou que segundo os dados da pesquisa, os hábitos alimentares dos egressos não são muito ruins, mas existem algumas inadequações que precisam ser trabalhadas, como, por exemplo, o excesso de consumo de gorduras saturadas e o baixo consumo de algumas vitaminas e minerais. “O ideal é que se divulgue cada vez mais o atual guia alimentar da população brasileira e que se estimule seguir as recomendações ali estabelecidas”, destacou.

Ele afirmou também que por se tratar de uma coorte aberta, o número de participantes vai se ampliando ao longo dos anos (a cada dois anos). “Entre março e julho de 2018, 1.282 novos participantes responderam ao questionário basal do estudo (Q_0) e os participantes que iniciaram a coorte em 2016 receberam o primeiro questionário de seguimento (Q_2) com perguntas relativas a mudanças no estilo de vida, dos hábitos alimentares e das condições de saúde. A taxa de retenção da amostra inicial foi de 80%. Com a aplicação do Q_2, será possível a análise longitudinal dos dados, garantindo a causalidade das associações que forem evidenciadas, fato primordial para a melhoria da qualidade científica dos nossos achados”, declarou.

Adriano ressaltou, ainda, que é de extrema importância a publicação desse artigo em uma revista epidemiologia mundialmente conhecida, pois traz reconhecimento da qualidade científica e do árduo trabalho da equipe do projeto CUME. “Além disso, é muito importante para a ampla divulgação dos achados do projeto CUME, dando visibilidade à pesquisa, além de potencializar a discussão dos nossos resultados pela comunidade científica internacional. Registro o nosso agradecimento a todos participantes do projeto, aos pesquisadores e às instituições envolvidas”, concluiu o professor.

Mais informações sobre o projeto Cume podem ser obtidas pelo e-mail projetocume@gmail.com ou no site do projeto.