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Encontro problematiza futuro do Sistema Único de Saúde

ENCONTRO SUSIntegrante do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), o professor Cordelis Van Stralen, afirmou hoje, durante o encontro para celebração dos 30 anos do Sistema Único de Saúde (SUS) na Faculdade de Medicina da UFMG, que o momento atual do país é uma crise da democracia do qual o SUS é vítima. “Nós construímos o mais complexo sistema público de saúde do planeta, referência internacional em vários aspectos. Precisamos defendê-lo”, afirmou o professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Antonio Thomaz Gonzaga da Matta Machado.

A superintendente do Hospital das Clínicas da UFMG e professora do departamento de Propedêutica Complementar da Faculdade, Luciana de Gouvêa Viana, demonstrou sua preocupação com o retrocesso de medidas como a cobertura vacinal no país. “Décadas de avanço podem ser destruídas em poucos anos”, alegou. Ela reforçou a necessidade de se exercer a cidadania: “Temos responsabilidade individual com o SUS. É ano de eleições e na urna poderemos exprimir os nossos desejos, valores e indignações”.

Crise de representatividade
O professor da Universidade Estadual de Campinas e Presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gastão Wagner de Souza Campos, questionou as gestões e distribuições de receita no SUS, defendendo a criação de uma nova política de pessoal e gestão descentralizada. “O poder do usuário no dia a dia tem que aumentar. Uma gestão participativa tem que ser internalizada. O cidadão precisa saber que o SUS tem jeito” disse. “Os problemas do Sistema Único de Saúde não vão se resolver sozinhos”, acredita.

Ainda segundo Gastão, o SUS é um fenômeno social altamente improvável. “Com as condições estruturais, econômicas e desigualdade do nosso país, o SUS era um fator improvável. Mas ele está aqui. O que nos fizemos precisa continuar sendo feito”, destacou o professor.

PPESSOAS SUSS“A desconstrução do SUS é lenta e gradual. Essa desconstrução produz a barbárie. Os níveis de mortalidade infantil subiram. A cobertura vacinal do país está em falha. E o governo sabe que ações grandes vão gerar reações violentas. Portanto precisamos ficar de olhos abertos a essas medidas menos visíveis”, completou.

Estiveram presentes ainda o diretor e a vice-diretora da Faculdade de Medicina da UFMG, Humberto José Alves e Alamanda Kfoury Pereira, e a diretora da Escola de Enfermagem da UFMG, Eliane Mariana Palhares Guimarães, o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Bruno Abreu Gomes, a secretária municipal de Saúde adjunta Taciana Malheiros, o professor do Departamento de Ciências Políticas da UFMG, Juarez Rocha Guimarães, o representante do Presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems/MG), Eduardo Luiz da Silva, além de representantes de secretarias municipais e estadual de saúde de Minas Gerais.

Construir resistência
Quando perguntado sobre como construir resistência, o professor Gastão disse “Temos que fazê-la, inventá-la. Temos que incentivar o conhecimento, estar sempre ativos. Nós temos a potencia e a possibilidade de manter nosso Sistema Único de Saúde”, afirmou.

A professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social, Eli Iola Gurgel Andrade, disse que o momento atual é parte da “complexidade do processo de conquista de direitos na história da humanidade”. “A construção do SUS é o desejo brasileiro pela igualdade e justiça, pelo direito a vida. As conquistas democráticas que fizemos na nossa curta história estão sendo ameaçados, precisamos falar sobre isso”, afirmou.
SUS GASTAO
(Com Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina)