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Qualidade e segurança do paciente são discutidos em segundo seminário de integração do Ambulatório Bias Fortes

mesa de abertura 2Na última quinta-feira, 21 de dezembro, a Escola de Enfermagem da UFMG (EEUFMG) apoiou o "II Seminário de Integração do Ambulatório Bias Fortes: qualidade e segurança do paciente”, no Auditório do Instituto Jenny de Andrade Faria do Hospital das Clínicas da UFMG (HC-UFMG).

O evento foi voltado para a equipe multiprofissional e docentes que atuam nos ambulatórios do HC da UFMG e teve o objetivo de promover um espaço coletivo de discussão, buscando fortalecer as parcerias para fomentar uma reflexão crítica acerca do processo de trabalho no setor ambulatorial, com foco na qualidade e segurança do paciente. O seminário foi coordenado pela auxiliar de enfermagem Gislaine Cardoso de Santana do Ambulatório Bias Fortes, com o apoio da sub-coordenadora, professora da EEUFMG, Carla Aparecida Spagnol.

A mesa de abertura foi composta pela diretora da Escola de Enfermagem da UFMG, professora Eliane Marina Palhares Guimarães; pela superintendente do Hospital das Clínicas, professora Luciana de Gouvêa Viana; pela gerente de Atenção à Saúde do Hospital das Clínicas, professora Andrea Maria Silveira; pela chefe da Unidade de Gestão do Atendimento Ambulatorial, Andréia Portilho; pela chefe da Divisão de Enfermagem do Hospital das Clínicas, a enfermeira Mara Januário Queiroz Cabral; e pela coordenadora do seminário, Gislaine Cardoso Santana.

A superintendente do HC-UFMG, Luciana de Gouvêa, destacou que o seminário traz a importância da integração, sendo que a instituição (HC-UFMG) é muito diversa, com várias categorias profissionais: graduação, pós-graduação, técnico-administrativos e professores. “Assim, quando nós fazemos um evento desses, ele permite, sobretudo, a integração profissional e também a discussão de questões técnicas, de uma agenda técnica que é importantíssima para a instituição, pois abrange o aspecto de clima organizacional, promovendo a integração dos trabalhadores”, relatou.

De acordo com a sub-coordenadora do evento, professora Carla Spagnol, a importância de discutir esse tema é em pensar na questão da Média Complexidade no Sistema de Saúde, que são as consultas especializadas. “O Hospital das Clínicas da UFMG, sendo um hospital terciário e quaternário, acaba atendendo a grande maioria dessas consultas especializadas. E esse setor ambulatorial do HC vai ter um processo de trabalho que muitas vezes traz algumas complicações, com algumas interferências devido ao próprio perfil do paciente que chega para o Hospital das Clínicas, que são pacientes mais complexos. Essa é a importância de nós compreendermos todo esse percurso do paciente na rede e para podermos pensar em como intervir nesse processo de trabalho”, explicou a professora.

Carla também destacou que a Escola de Enfermagem da UFMG é fundamental nessa discussão, pois a maior parte dos profissionais que estão a atuando nesse processo de trabalho é da equipe de enfermagem. “Nós apoiamos fortemente na organização desse evento, porque ele é um lócus de produção de conhecimento, de atualização e de capacitação. Dessa forma, estamos contribuindo na formação permanente desses profissionais”.

Márcia Dayrell 2A epidemiologista, gerente do Centro Municipal de Alta Complexidade da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Márcia Dayrell, ministrou a conferencia de abertura sobre “O percurso do paciente na rede de atenção à saúde e as interfaces com o ambulatório de especialidades do Hospital da Clínicas da UFMG”.

Ela abordou a entrada do ambulatório do HC na Rede de Atenção a Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, que traz a participação de forma institucional, dos protocolos e rotinas, estabelecidos pela Secretaria Municipal para o acesso dos pacientes ao tratamento dentro do ambulatório. “Existem alguns desafios para fazer essa entrada de forma plena, primeiro na organização do acesso, depois na discussão através da secretaria e através da regulação da Secretaria Municipal dos casos que serão considerados prioritários para o ambulatório HC”, elucidou.

Segundo Márcia, problematizar o modelo de rede de assistência, mostrar os desafios da implementação da rede de assistência, falar da importância da integração no ambulatório do Hospital das Clínicas com os demais componentes da rede de assistência e entender um pouco do processo regulatório para a qualificação do acesso dos pacientes, são pontos fundamentais a serem discutidos com os profissionais do HC. “O acesso regulatório, por exemplo, permite um acesso diferenciado àquele que mais necessita. Identifica os casos que são prioritários, dessa forma, aquele que é o primeiro da fila não vai receber o tratamento necessariamente, e sim quem estiver precisando mais. A regulação permite através de um protocolo clínico avaliar se aquele caso é prioritário, e aqueles casos de maior complexidade, possam ter acesso mais otimizado à assistência”, explicou Márcia.

A gerente de Atenção à Saúde do Hospital das Clínicas, professora Andrea Silveira, falou sobre as perspectivas e desafios do atendimento a urgência no complexo ambulatorial, mais especificamente no Bias Fortes. “Embora possa parecer intuitivo e natural que esses pacientes sejam transferidos para o pronto socorro do Hospital das Clínicas, temos uma dificuldade muito grande por ter um pronto socorro superlotado, e, muitas vezes, a gente não consegue, mesmo o paciente estando aqui no Bias Fortes, automaticamente de uma forma muito ágil, transferi-lo para o nosso pronto socorro. Muitas vezes temos que mobilizar outras UPAs, e existe uma dificuldade na rede de urgência e emergência da cidade para absorver esses pacientes” relatou.

Segundo Andrea, o HC está propondo algumas medidas que possam minimizar essas dificuldades e que melhorem o atendimento do usuário. “Vamos implementar alguns protocolos, como o protocolo azul e o amarelo; um protocolo para parada cardiorrespiratória, para pacientes que se apresentam em situações críticas que só sugerem que nas próximas horas instáveis, que eles possam evoluir para uma parada cardiorrespiratória; melhorar o sistema de transporte de materiais; treinar a equipe de enfermagem; aumentar o número de profissionais. São uma série de medidas para melhorar”.
públicohc                             A equipe multiprofissional e docentes que atuam nos ambulatórios do HC participaram do evento
Bernardo de Matos Viana, professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina abordou sobre “Urgência Psiquiátrica: Qual o fluxo da urgência psiquiátrica na Rede de Atenção Psicossocial?”. De acordo com ele, o fluxo do ambulatório, basicamente, depende de dois aspectos: qual tipo de urgência e de onde é o paciente. “Um exemplo, a rede de atenção psicossocial da prefeitura de BH funciona através de áreas dos distritos, e cada distrito tem o seu centro de saúde referenciado. Então da mesma forma que existe as UPA’s (Unidade de Pronto Atendimento), existem os Cersam’s (Centro de Referência de Saúde Mental Álcool e Drogas), ou seja, pacientes que têm alguma agudização de algum transtorno mental, caso ele tenha um perigo para si ou terceiros, ele vai para um Cersam, e esse tem que ser do seu distrito de referência, a mesma lógica das UPA’s. Algumas outras cidades como Betim, tem uma divisão, mas cidades menores como Ribeirão das Neves ou outras cidades da região metropolitana tem apenas um pólo de atenção que são os Cersam’s, ainda assim, existem os dois hospitais psiquiátricos da Rede FHEMIG, o Instituto Raul Soares e o Hospital Galba Veloso, que atendem os pacientes do estado de Minas Gerais, tanto de Belo Horizonte quanto das outras cidades, mas preferencialmente das outras cidades, porque a Rede de Atenção Psicossocial de Belo Horizonte busca ser suficiente a sua população”, explicou.

O professor também disse que os desafios enfrentados, em geral, são os mesmos da atenção clínica, ou seja, muitas vezes as UPA’s estão cheias, os Cersam’s e os hospitais da Rede FHEMIG estão cheios. “O serviço de psiquiatria está se propondo, junto com a equipe de enfermagem, que atua no serviço de psiquiatria de fazer a capacitação das equipes, tanto para as contenções, quanto em relação a esse fluxo”.

O prontuário ambulatorial, seus desafios e perspectivas
O seminário também contou com a mesa-redonda sobre o tema “Prontuário no setor ambulatorial: desafios e perspectivas do atendimento ao paciente” e teve a presença das conferencistas: Thais Novaes, Tatiane Batista Nascimento e Telma Regina de Souza.

A enfermeira, Auditora do Hospital das Clínicas, Thais Novaes, falou sobre a melhoria do prontuário e afirmou que os pacientes da internação já possuem o prontuário informatizado e a equipe do HC tem o objetivo de chegar ao prontuário eletrônico. “No ambulatório, estamos começando a preparar para essa transição; ainda não se tem uma data definida, mas essa transição visa exatamente melhorar a qualidade e a segurança das informações do prontuário do paciente, possibilitando a informação em tempo hábil a todos os profissionais, o acesso simultâneo, melhoras relacionadas à legibilidade, a completude das informações, padronização das informações”, declarou.

Tatiane Batista Nascimento, enfermeira e chefe da Unidade de Gestão da Qualidade e do Risco do Hospital das Clínicas, explicou sobre a importância do prontuário, dos registros e da qualidade para a continuidade do cuidado do paciente. “O prontuário possui todos os registros da história clínica do paciente. A partir dessas informações é que as ações dos vários profissionais de saúde envolvidos no cuidado serão subsidiadas. Além disso, o prontuário serve de fonte de dados para pesquisa, fins judiciais e para várias outras funções, mas a principal seria subsidiar o cuidado de qualidade e seguro para o paciente. Por isso a importância dele estar acessível a toda a equipe, e por isso a importância da qualidade dos registros contidos nesse prontuário”, contou.

Para ela, o principal desafio de manter um prontuário atualizado é manter um trabalho e um cuidado interdisciplinar, muito alinhado entre os profissionais. “Uma conscientização dos profissionais em relação a qualidade desses registros, e algo que contribuiria para esse acesso é justamente trazer o prontuário eletrônico, que favorece o acesso de vários profissionais em tempo oportuno”, destacou Tatiane.

Mesa redondahc                    Mesa-redonda: “Prontuário no setor ambulatorial: desafios e perspectivas do atendimento ao paciente”

A gestora do Setor de Arquivo Médico e Estatística (SAME), Telma Regina de Souza, tem uma boa perceptiva de melhoria em relação à disponibilidade do prontuário gerenciada pelo SAME, o local onde os prontuários são guardados e organizados. “Queremos disponibilizar 100% dos prontuários no tempo e na hora que ele é solicitado, na consulta para o paciente, na pesquisa, seja o que for. O desafio maior é conseguir disponibilizá-los, porque o paciente tem várias consultas, às vezes, no mesmo dia, ele pode ter duas ou três consultas, dessa forma o prontuário chega em um local, mas não chega no outro. Dessa forma, o objetivo é ter uma comunicação melhor entre as áreas e discutir sobre esse assunto, para podermos atender pelo menos 90%”, explicou Telma.

Para o encerramento do seminário, a enfermeira do HC-UFMG, Maria de Fátima Seixas de Souza Silva, fez um relato de experiência sobre “Boas práticas de enfermagem no Ambulatório Jenny de Andrade Faria”. Fátima tem 34 anos de carreira e no inicio trabalhou no Centro de Terapia Intensiva, na Neurologia, Neurocirurgia e hoje está à frente do Setor de Mastologia.

“É importante falar sobre a capacitação do enfermeiro, de conhecer o fluxo do serviço e como as nossas pacientes chegam. É um serviço que atende 99% dos casos de câncer de mama. No dia a dia do ambulatório, somos duas enfermeiras, eu no turno da manhã e uma colega no turno da tarde. E, na verdade, quando a gente acredita no direito a informação que as pacientes e suas famílias têm é que nós sistematizamos essa assistência de forma que ela seja orientada a iniciar cada etapa do tratamento. Tão logo ela chega no Jenny de Andrade Faria, é feito o diagnóstico e é estabelecido o tratamento dessa paciente. Ela é encaminhada para uma consulta de enfermagem e para alguma modalidade de tratamento. A consulta de enfermagem é onde vamos orientá-la para o tratamento cirúrgico, depois para o tratamento complementar, quimioterapia e radioterapia. Dessa forma, é muito interessante, porque a gente vê que cada paciente tem no mínimo três consultas de enfermagem durante o tratamento. A enfermagem acaba sendo fundamental para todo o processo”, elucidou Fátima.