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Mulheres, pessoas com plano de saúde e com alta escolaridade procuram mais serviços de saúde em casos de doenças crônicas não transmissíveis, diz estudo da UFMG

Deborah USP2Um estudo de autoria da professora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem da UFMG, constatou que pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) utilizam mais os serviços de saúde, assim como mulheres, pessoas com maior número de comorbidades, com planos de saúde e elevada escolaridade. Foram analisadas informações em relação às seguintes DCNT: hipertensão arterial; diabetes; doença do coração; acidente vascular cerebral (AVC); asma; artrite ou reumatismo; distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT); câncer; insuficiência renal crônica, problema crônico de coluna; depressão, outra doença mental; e doença no pulmão (enfisema pulmonar e bronquite crônica).

O levantamento revela que a doença crônica mostrou-se associada, para a população adulta brasileira em 2013, ao maior uso de serviços de saúde em duas semanas, com 25,6%, e 10,8% nos adultos com e sem DCNT, respectivamente. Em relação ao sexo, das pessoas que possuem alguma DCNT, o maior uso de serviços de saúde foi o das mulheres com 28,93% contra 20,89%, dos homens, cerca de 28% a mais. No que diz respeito às pessoas que possuem plano de saúde, 29,91% procuraram serviços de saúde e o índice de pessoas que não possuem plano foi de 24,10% da população com DCNT, 20% acima. Quanto à escolaridade, o estudo aponta que 23,13% dos indivíduos com DCNT que possuem fundamental completo ou médio incompleto, procuraram serviços de saúde, contra 27,84% dos que possuíam superior completo.

Para a análise proposta pela pesquisadora, foram comparadas as frequências de uso de serviços na população que referiu pelo menos uma DCNT, com aquelas que não relatam DCNT, segundo sexo, escolaridade, posse de plano de saúde e números de doenças crônicas não transmissíveis (1, 2, 3, 4 ou mais).

Deborah Malta explicou que foram analisados dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde e constituindo a mais completa pesquisa de saúde já realizada no Brasil. “O estudo do PNS já havia concluído que 45% dos adultos relataram possuir doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e que esses tiveram 70% mais internações, mais incapacidades e mais consultas médicas do que o restante da população”.

Ainda de acordo com a professora, o investimento em sistemas de saúde é crítico para melhorar os resultados das doenças crônicas não transmissíveis, o que inclui o fortalecimento do sistema de saúde, financiamento, governança, gestão, recursos humanos em saúde, informações de saúde e o acesso à tecnologias e medicamentos. “A pesquisa apontou que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi um decisivo para que pessoas com Doencas crônicas tenham acesso a saúde, internação, consultas, exames e medicamentos. Entretanto ainda permanecem desigualdades, que favorecem quem tem mais escolaridade, renda e tem planos de saúde no acesso aos serviços de saúde. Portanto, para vencer as desigualdades sociais, além do fortalecimento do SUS, torna-se necessário investir em políticas públicas, como melhoria emprego, educação e redução das desigualdades sociais,” enfatizou a professora.

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