Quase 60% da população brasileira estava acima do peso considerado ideal em 2015, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso revela uma realidade na qual a oferta de alimentos saudáveis é menor do que os processados e altamente calóricos, favorecendo o sedentarismo. Nesse contexto, porém, os efeitos associados aos hábitos não saudáveis não se limitam a quem está acima do peso.
Uma alimentação baseada em produtos de alto teor calórico e baixo valor nutricional, como alimentos processados e industrializados, favorece as chances de a pessoa ingerir uma quantidade de nutrientes menor que a necessária para o bom funcionamento do organismo. Essa situação ocorre mesmo que o indivíduo esteja dentro da faixa de peso considerada adequada pelo Índice de Massa Corporal (IMC), de modo que observar a própria dieta se torna necessário, já que os sintomas da carência de nutrientes essenciais não são muito específicos.
“É possível que você fique dias sem consumir vitamina A, por exemplo, e não apresente nenhum sintoma. Na prática, não quer dizer que seu organismo está convivendo bem, muitas vezes esses problemas acabam se manifestando de uma forma inespecífica. A pessoa se sente cansada com muita frequência, encontra dificuldade no tempo de recuperação após atividades físicas, dificuldade de concentração”, exemplifica o professor do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Rafael Claro.
Além disso, ao citar a importância da prática de exercícios físicos para uma vida saudável, Rafael Claro faz uma comparação: “Se você pensa no risco de doença cardiovascular entre uma pessoa que tem excesso de peso mas pratica atividade física, e uma pessoa sedentária com peso adequado, vemos valores semelhantes de risco”.
Sobrepeso e obesidade são cientificamente reconhecidos como fatores de risco para problemas cardiovasculares em geral, diabetes e hipertensão arterial, mas ser uma pessoa saudável vai além do que se pode “medir” com os olhos ou mesmo na balança.
Alimentação na infância
Transtornos alimentares como anorexia e bulimia são mais comuns na adolescência e podem ter sua origem em situações vividas durante a infância. Por isso, a questão do peso em uma criança deve ser tratada com cautela, evitando preocupações excessivas.
É o que propõe o professor da Faculdade de Medicina e coordenador do Núcleo de Investigação em Anorexia e Bulimia do Hospital das Clínicas da UFMG, Henrique Torres. “Um fator de risco para a anorexia é o cuidado muito grande com o peso da criança. A melhor opção é lidar com o assunto com certa naturalidade, tratar a alimentação com normalidade, sem radicalismos. Por outro lado, tentar prover desde cedo uma alimentação variada, que contenha todos os tipos de alimentos”, afirma.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
O programa também é veiculado em outras 185 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.
(Com Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)